quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Osteoartrose

Realizado por: Eliana Prates

Definição:“Doença degenerativa da cartilagem articular, de caráter progressivo, com sintomatologia dolorosa geralmente insidiosa, podendo causar na sua evolução deformidade e limitação articular, rigidez e poderá estar associada a manifestações inflamatórias”

Termos:
DOENÇA ARTICULAR DEGENERATIVA
ARTROSE
ARTRITE HIPERTRÓFICA
ARTRITE DEGENERATIVA
OSTEOARTRITE
OSTEOARTROSE

Epidemiologia e Incidência:
Doença + frequente em toda a população mundial;
Brasil: 16,2% da população (30 a 40% consultas);
> 60 anos
> mulheres (mãos e joelhos)
> homens (quadril)
Observação: Por volta dos 40 anos de idade, 90% de todas as pessoas irão ter algumas alterações degenerativas nas articulações de sustentação, mesmo que os sintomas clínicos estejam geralmente ausentes.

Definição Cartilagem:
Entende-se por cartilagem articular, um tipo especial de tecido que reveste a extremidade de dois ossos justapostos (unidos) que possuem algum grau de movimentação entre eles.

Função da Cartilagem:
A função básica da (CA)
Diminuir o atrito entre duas superfícies ósseas quando estas executam qualquer tipo de movimento.
Absorção de choque quando submetido à forças de pressões (como no caso do quadril, joelho, tornozelo e pé), ou de tração, como no caso dos membros superiores.
Outras estruturas também fazem parte da articulação, desempenhando papéis específicos como no caso do líquido sinovial, que lubrifica as articulações e, dos ligamentos, que ajudam a manter unidas e estáveis as articulações.

Teoria Mecânica da Osteoartrose:
Cartilagem articular normal: tecido conjuntivo denso, derivadas de uma célula mãe chamada fibroblasto que formam os condrócitos (células produtoras de cartilagem).
Os condrócitos, são responsáveis pela fabricação de uma substância denominada protocolágeno que, por um processo ainda não tão bem conhecido, aglutina-se, formando fibras de colágeno, as quais serão as grandes responsáveis pela resistência mecânica da cartilagem articular.
Colágeno do tipo II é o mais abundante na cartilagem articular e se dispõem de duas maneiras distintas.
Cartilagem funciona como uma grande mola, ou uma esponja de silicone embebida em água. A hidratação da cartilagem e a integridade da mesma.
1ª forma arcos de sustentação, funcionam como molas, ajudando na absorção de impactos diretos sobre a cartilagem.
2ª funciona como sistema hidráulico, formado não somente pelas fibras colágenas mas também por mucopolissacarídeos sulfatados (sulfato de glicosamina e o ácido hialurônico), sendo responsáveis pela agregação de moléculas de água que darão o caráter hidráulico da cartilagem, funcionando como uma esponja para diminuir o stress mecânico.
Toda vez que tivermos alterado o estado de equilíbrio entre os constituintes articulares, estaremos sujeitos ao PROCESSO DE DEGRADAÇÃO ARTICULAR e, consequentemente, o desenvolvimento da OSTEOARTROSE.
Quando a cartilagem articular é submetida a um macro trauma ou um micro trauma de repetição, existe, segundo a teoria mecânica, uma quebra de grande número de fibras colágenas, o que produziria um fenômeno inflamatório local, com liberação de enzimas proteolíticas e degradação da cartilagem articular.
Neste processo de aumento de destruição, o condrócito, único tipo de célula existente na cartilagem articular, não teria capacidade de regenerar aquele excedente destruído, fazendo com que o dano articular persisti-se.

Etiologia:
Avanço da idade (diminuição da função condrocitária e da elasticidade dos tecidos periarticulares);
Pré-disposição genética;
Estresse mecânico (lesão articular prévia, uso repetitivo da articulação, atividade física intensa e obesidade);
Inatividade/sedentarismo

Classificação:
OA PRIMÁRIA:
Idiopática
Erosiva inflamatória
Sem história de trauma ou outras patologias associadas
Pode ter caráter hereditário
Diminuição na concentração de proteoglicanos (diminuição da elasticidade).
OA SECUNDÁRIA:
Quando existe uma patologia prévia causadora do processo osteoartrósico;
Sobrecarga: estresse mecânico, alterações biomecânicas, obesidade;
Doenças Congênitas: luxação de quadril, necrose avascular da cabeça do fêmur...
Doenças Inflamatórias: Artrite Reumatóide
Doenças Metabólicas: Gota (depósito microcristais), Doença de Paget...
Afecções Hemofílicas: Hemofilias
Pós-Trauma: fraturas, entorses, meniscectomia...

Quadro Clínico:
Dor espontânea localizada e hipersensibilidade:Ocorre no início do movimento, alivia com repouso, piora com atividades com carga, á noite, climas frios ou variações climáticas bruscas e pós-estresse emocional.
Rigidez articular pós-repouso:Ocorre menor lubrificação intra-articular
Parestesias:Associadas a compressões de estruturas nervosas na região da coluna vertebral (osteófitos)
Diminuição proprioceptiva:Em razão da inatividade e deterioração das estruturas periarticulares
Fraqueza Muscular:Ocorre pela distensão dos tecidos periarticulares (cápsula e ligamento) em função do edema e dor, levando a uma inibição da atividade reflexa muscular.
Espasmo Muscular:Ciclo dor-espasmo-dor
Crepitações Articulares Palpáveis:Devido á irregularidade das superfícies articulares ou atrito entre partes moles inflamadas
Limitação da ADM:Hipertrofia capsular, tendões e ligamentos, presença de osteófitos, dor e edema
Deformidades Articulares (incongruências):Ex: semiflexões de joelho e quadril: posturas que geram menos pressão e consequentemente menos dor.
Sinais Inflamatórios Articulares:Edema e derrames articulares (início) e osteófitos e espessamento capsular (+ avançadas)
Derrame Articular:Traumas e uso excessivo da articulação
Osteófitos e Nódulos Ósseos:Osteófitos: proeminências ósseas
Nódulos de Heberdem: nódulo arredondado nas margens das articulações interfalângicas distais das mãos.

Locais Acometido:
Nomenclatura dada de acordo com a articulação acometida:
Gonartrose: OA de joelhos
Espondiloartrose: OA de Coluna cervical e lombar
Coxartrose: OA de Quadril
Rizoartrose: OA de articulação carpometacarpal do primeiro dedo.

Diagnóstico:
Anamnese:
Dados pessoais
HMA: dor, rigidez matinal (<30 minutos), crepitações, dificuldade Avds, alteração funcional (amplitude dolorosa de movimento)

Exame Físico:
Inspeção: deformidades, movimentos irregulares (biomecânica), coloração da pele (inflamação?), edema, derrame, hipotrofia muscular...
Palpação: pontos dolorosos, alteração de temperatura, edema (cacifo?), crepitação...
Goniométria: geralmente está diminuída no local acometido
Testes de FM: diminuída nos grupos musculares envolvidos
Testes Especiais:
Geralmente a nível de comprometimento nervoso (cervical, lombar), C= teste de compressão, manobra valsava, adson; L= teste de lasegue, slump
Quadril: teste da bigorna, thredenlemburg, ober
Exames Radiológicos:
RX
Presença de osteófitos
Esclerose
Diminuição do espaço articular
Incongruência
Desmineralização óssea
Irregularidade articular

Tratamento:
CONSERVADOR
AINH
Corticóides
Infiltração intra-articular
Condroprotetores (sulfato de condroitina)
Repouso
FISIOTERAPÊUTICO
OBJETIVOS
Diminuição da dor e controle inflamatório
Diminuição de edemas
Aumento de ADM (funcionalidade) e diminuição da rigidez articular
Facilitação das AVDs
Aumento da FM
Melhora da postura e diminuição sobrecarga
Melhora do condicionamento físico
Orientações gerais
Conduta
Termoterapia (????) - Crioterapia
Hidroterapia
Exercícios Terapêuticos (CINESIOTERAPIA): mobilizações passivas, alongamentos passivos estáticos, tração articular.
Massoterapia, pompage
FM: exercícios isométricos (menor estresse mecânico)
exercícios isotônicos concêntricos e excêntricos: etapa mais avançada, com pouca carga e pouca repetição. Terminar com crioterapia (diminui atividade enzimática, controla dor e edema)
Técnicas de reeducação postural
Muletas, bengalas, andadores e utilização de órteses
Atividades de baixo impacto, dosada, regular e orientada
Orientações:
TERMOTERAPIA (????)
Obs: enzimas que degradam a cartilagem são praticamente inativas à temperatura articular normal (30 a 33 graus C). Elas podem aumentar em até 4 vezes a 36 graus. Eleva a taxa metabólica a níveis altíssimos.
Estágios avançados de OA (sem inflamação exuberante) com mínimas possibilidades de reparação da cartilagem
Recurso viável no controle da dor e rigidez
Orientações: (muito importante)
Perda de peso
Repouso
Evitar carregar objetos pesados
Evitar caminhadas excessivas
Evitar superfícies irregulares
Evitar subir e descer escadas
Não permanecer longos períodos em pé
Bengala do lado contralateral nas OA unilaterais
Andador ou muletas nas OA bilaterais
CIRÚRGICO
Artroscopia: “TOILLETE ARTICULAR” – debridamento
Osteotomias: reposicionamento ósseo (congruência)
Artroplastia: Endopróteses
Artrodeses: cirurgia estabiliza (funde) as articulações com enxertos ósseos ou barras metálicas.

Referências:
HEBERT, S., XAVIER, R. Ortopedia e Traumatologia: Princípios e Práticas. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2003 pág. 767.
WEISTEIN, S. C., BUCKWALTEHER J. A. Ortopedia de Turek: Princípios e suas aplicações. 5 ed. São Paulo: Manole, 2000 pág. 153.
Aula da Profª Esp. Carla de Campos Ciccone (Osteoartrose)
http://www.osteoartrose.com.br/deformidades.php
http://www.ortopediadoquadril.com.br/