terça-feira, 31 de agosto de 2010

DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica)

A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma enfermidade respiratória prevenível e tratável,que se caracteriza pela presença de obstrução crônica do fluxo aéreo, que não é totalmente reversível. A obstrução do fluxo aéreo é geralmente progressiva e está associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de partículas ou gases tóxicos,
causada primariamente pelo tabagismo. Embora a DPOC comprometa os pulmões, ela também produz
conseqüências sistêmicas significativas.
O processo inflamatório crônico pode produzir alterações dos brônquios (bronquite crônica), bronquíolos (bronquiolite obstrutiva) e parênquima pulmonar (enfisema pulmonar). A predominância destas alterações é variável em cada indivíduo, tendo relação com os sintomas apresentados.

Bronquite Crônica:Na bronquite crônica a lesão pulmonar se localiza nos brônquios e bronquíolos, tornando-os crônicamente inflamados, espessos e com constante produção de muco. O paciente com bronquite crônica apresenta além dos sintomas de falta de ar e cansaço, um quadro de tosse crônica com expectoração.
A bronquite crônica é uma condição clínica caracterizada por excesso de secreção mucosa na árvore brônquica, levando a sintomas de tosse crônica ou de repetição junto com expectoração, pelo menos em 3 meses do ano, e em dois anos sucessivos.





Enfisema Pulmonar:O enfisema se caracteriza pela destruição e alargamento dos bronquíolos terminais e alvéolos, que perdem sua elasticidade e favorecem o aprisionamento do ar dentro dos pulmões. No enfisema notamos uma hiperinsulflação mantida dos pulmões devido ao ar que nunca sai por completo.
O enfisema pulmonar é uma patologia crônica caracterizada pela destruição tecidual dos pulmões o que os torna hiperinsuflados. Há uma dilatação permanente dos espaços aéreos distalmente aos bronquíolos terminais devido à destruição das paredes das vias aéreas, sem fibrose evidente.



Fisiopatologia:Diante da exposição prolongada do indivíduo a substâncias patógenas ocorre uma inflamação crônica fazendo com que haja um desequilíbrio entre proteases e anti-proteases no parênquima pulmonar.Sendo assim, qualquer fator que aumente as proteases, principalmente a elastase, e/ou iniba ou reduza a antielastase, promove a destruição do arcabouço elástico do pulmão. A mais importante antielastase é a alfa-1-antripsina, e a principal fonte de elastase são os neutrófilos, que encontram-se elevados, junto com os macrófagos, no tabagismo. O mecanismo de destruição pulmonar ocorre da seguinte maneira: os macrófagos são anormais em fumantes e destroem o tecido pulmonar, além disso, os leucócitos que combatem a infecção pulmonar estão alterados e liberam enzimas que também realizam esta função, e ainda a alfa-1-antitripsina, que funciona defendendo o tecido pulmonar contra essas enzimas, encontra-se inativa pela ação de oxidantes liberados pela fumaça do cigarro e pela ação dos leucócitos anormais.
As glândulas das paredes brônquicas se hipertrofiam e produzem grande quantidade de secreções que obstruem de maneira parcial ou total as vias aéreas. Isto faz com que durante a inspiração o ar passe em torno das secreções, contudo na expiração apenas uma parte do ar escapa antes que a via aérea se feche, causando um aprisionamento de ar distal à obstrução, e consequentemente uma hiperinsuflação, que é a elevação anormal da quantidade de ar dentro do tecido pulmonar. O acúmulo de secreções aumenta a probabilidade do paciente apresentar infecções respiratórias, e a destruição do tecido pulmonar causa perda das propriedades elásticas dos pulmões, com queda da pressão interna das vias aéreas, contribuindo ainda mais para o aprisionamento de ar e diminuição nas taxas de fluxo expiratório.
DPOC é uma mistura de basicamente três processos patológicos distintos, que se combinam para formar o quadro clínico final, lembrando que a alteração comum em todos os tipos de pneumopatia obstrutiva é a obstrução do fluxo de ar durante a expiração. Esses processos são a bronquite crônica (BC), o enfisema pulmonar e menos freqüente, a asma. Cada caso de DPOC é único na intensidade desses três processos, mas há dois tipos principais da doença.
No primeiro tipo a BC (Bronquite Crônica) é o principal determinante no processo. A BC é definida como a produção excessiva de muco pela árvore brônquica, com tosse produtiva crônica ou recorrente durante pelo menos três meses por ano, por dois anos consecutivos, não resultantes de causas aparentes, como bronquiectasias, tuberculose ou outras doenças que possam causar sintomas idênticos.
Não existe uma causa definida para bronquite crônica. Vários fatores podem contribuir como: tabagismo, infecções do trato respiratório e poluição atmosférica. Na maioria dos casos, a doença resulta em uma somação desses fatores, entre os quais o tabagismo ocupa o primeiro lugar.
É a inflamação e secreção de muco que determina o componente obstrutivo da BC. Em contraste com o enfisema, o leito capilar está relativamente preservado. Ocorre um variado grau de enfisema, mas este usualmente é centrolobular e não panlobular. Há um decréscimo da ventilação e o organismo responde com um aumento do débito cardíaco. Isso resulta em uma circulação rápida em um pulmão pobremente ventilado, levando a hipoxemia e policitemia. Eventualmente, hipercapnia e acidose respiratória aparecem, levando a vasoconstrição arterial pulmonar e Cor Pulmonale. Com o aumento da retenção de esses pacientes desenvolvem sinais de insuficiência direita do coração e são conhecidos como "blue bloaters" (BB) - azul pletóricos.
O segundo tipo predominante é constituído pelos pacientes cujo enfisema é o processo subjacente primário. Enfisema é definido como uma alteração anatômica caracterizada pelo aumento anormal dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal não respiratório, acompanhada por alterações destrutivas das paredes alveolares. As lesões surgem por mecanismos obstrutivos e enzimáticos ou oxidativos. O tabagismo é a principal causa de enfisema e DPOC, cerca de 75%, ou mais das etiologias prováveis.
A fisiopatologia envolve destruição gradual dos septos alveolares e destruição do leito capilar pulmonar, levando a um crescimento da incapacidade de oxigenar o sangue. Há uma diminuição do débito cardíaco e hiperventilação compensatória. Isso resulta em um fluxo sanguíneo limitado em um pulmão superventilado. Devido à diminuição do débito cardíaco, o resto do corpo pode sofrer de hipoxemia tecidual e caquexia respiratória. Eventualmente esses pacientes desenvolvem diminuição da massa muscular e perda de peso, sendo conhecidos como "pink puffers" (PP) - soprador rosado.

Tipos:
Centriacinar (centriolobular): com padrão de envolvimento dos lóbulos: as partes centrais ou proximais dos ácinos, formadas por bronquíolos respiratórios são afetadas,enquanto os alvéolos distais são preservados, existindo espaços enfisematosos e normais no mesmo ácino e lóbulo. As lesões mais comuns e intensas são nos lobos superiores
particularmente nos segmentos apicais. No enfisema centriacinar intenso o ácino distal
também é envolvido, e assim, como se observa, a diferenciação do enfisema panacinar
torna-se difícil.
Panacinar (panlubular): os ácinos são uniformemente aumentados a partir do nível do broquíolo respiratório até os alvéolos cegos terminais. Em contraste com o enfisema
centriacinar, o enfisema panacinar tende a ocorrer mais comumente nas zonas pulmonares
inferiores e é o tipo de enfisema que ocorre na deficiência de a antitripsina.
Acinar distal (parasseptal): a porção proximal do ácino é normal, mas a parte distal apresenta envolvimento dominante mais evidente próximo à pleura, ao longo de septos de tecido conjuntivo lobular, margens dos lóbulos, adjacente a áreas de fibrose, cicatrização ou atelectasia e por regra é mais acentuado na metade superior dos pulmões. Os achados são de espaços aéreos múltiplos, contíguos e aumentados que variam em diâmetro de menos de 0,5mm a mais de 2,0 cm, algumas vezes formando estruturas semelhantes a cistos que, com o aumento progressivo, são denominadas bolhas e são a base de casos de pneumotórax
espontâneo em adultos jovens.
Enfisema cicatricial: também chamado de irregular, é sempre secundário a uma doença específica. Resulta da distensão, ruptura e abundante proliferação fibrosa das estruturas parenquimatosas próximas às lesões cicatriciais. O volume pulmonar pode não sofrer alterações ou estar diminuído. Apesar da fibrose existente, há um mecanismo compensador provocando hiperinsuflação e impedindo que o volume do pulmão diminua.
Enfisema focal: é afecção própria dos indivíduos que trabalham em minas de carvão,embora difira das lesões intersticiais da silicose. Resulta das alterações provocadas pela deposição de grande quantidade de partículas de carvão mineral nos bronquíolos e conseqüente fibrose do tecido peribronquiolar, com tração e distensão. Os bronquíolos respiratórios estão dilatados enquanto os ductos e os sacos alveolares permanecem íntegros.
Enfisema lobar congênito: devido à sua instalação precoce, antes do sexto mês, é tardiamente. É característica a grande insuflação do parênquima correspondente ao
brônquio do lobo comprometido. Tal insuflação, que em geral atinge apenas um lobo,
localiza-se de preferência nos lobos superiores e médios.
Enfisema localizado: quando os espaços aéreos se dilatam para depois se fundirem,perdem sua individualidade, constituindo-se em uma coleção aérea localizada - a bolha ou vesícula. As bolhas quanto a sua localização podem ser: a) pleurais superficiais; b)subpleurais; c) profundas.
Enfisema bolhoso: indivíduos com formas avançadas de enfisema podem apresentar-se com bolhas de volume variado, únicas ou múltiplas, distribuídas pelos pulmões intercaladas por maior ou menor quantidade de parênquima íntegro.
Enfisema senil: esta expressão foi usada durante muito tempo para definir as alterações do pulmão nos indivíduos com tórax em tonel. Isso acontecia por se acreditar que esse tipo de enfisema resultasse daquela deformação que mantinha o pulmão em permanente distensão.
No processo normal de envelhecimento ocorre acentuação cifótica da coluna dorsal, as
costelas tornam-se mais horizontais, perdendo sua mobilidade, o que resulta no aumento do
diâmetro antero-posterior do tórax. Essa pseudo-semelhança entre o tórax em tonel e o
tórax do enfisematoso foi responsável, durante anos, pela idéia errônea de que os
indivíduos idosos com tórax em tonel eram sempre enfisematosos. Sabe-se hoje que as
alterações da função pulmonar das pessoas idosas com essa deformação quase não diferem
dos idosos com tórax normal.
Enfisema unilateral: caracteriza-se por hipertransparência uniforme de todo um hemitórax. Na grande maioria dos casos, acomete um só pulmão, podendo atingir um lobo ou apenas um segmento. Tais pacientes estão muito sujeitos às infecções respiratórias.
Enfisema distrófico: caracteriza-se pela hipertransparência dos campos pulmonares devido à presença de vesículas de tamanho e número variáveis, de aspecto bolhoso e de paredes finas.
Enfisema vicariante: também conhecido como enfisema compensador, é expressão usada para definir a condição pulmonar em que os espaços aéreos estão apenas dilatados. Não deve, portanto, ser considerado enfisema, já que não existem estenose bronquiolar, ruptura das paredes alveolares e alterações funcionais significativas.
Enfisema intersticial: este tipo de enfisema ocorre quando o ar dos espaços aéreos atinge o espaço intersticial devido à desintegração aguda do tecido alveolar ou bronquiolar. O enfisema intersticial ou bronquiolar não deve ser considerado como enfisema, e sim como fibrose intersticial com bronquiolectasia.

Características Clínicas da DPOC:
Tipo A (Tipo PP - pink puffer - soprador rosado - enfisema): Homem no meio de seus 50 anos apresentando falta de ar cada vez maior durante os últimos três ou quatro anos;tosse ausente ou produtiva de pouca expectoração branca; paciente astênico, com evidência de recente perda de peso; tórax hiper expandido; sons respiratórios quietos e ausência de ruídos adventícios; a radiografia confirma a hiperinflação com diafragmas baixos,achatados, mediastino estreito e transparência retroesternal aumentada. Além disso, a
radiografia mostra atenuação e estreitamento dos vasos pulmonares periféricos.
Tipo B (Tipo BB - blue bloater - cianótico pletórico - bronquite crônica): Homem dos seus 50 anos, com história de tosse crônica com expectoração por vários anos (inicialmente apenas nos meses de inverno e mais recentemente durante a maior parte do ano);
exacerbações agudas com expectoração purulenta tornam-se mais comuns; falta de ar com
o esforço piorou gradualmente; tolerância ao exercício limitando-se progressivamente;
fumantes de cigarro de muitos anos de duração; ao exame o paciente tem uma compleição
atarracada com aparência pletórica e alguma cianose; ausculta de estertores e roncos
esparsos; pode haver sinais de retenção líquida com pressão venosa jugular elevada e
edema de tornozelos; radiografia de tórax com algum aumento cardíaco, campos
pulmonares congestionados e marcas aumentadas atribuíveis à infecção antiga; linhas
paralelas ("trilhos de bonde") podem ser vistas, provavelmente causadas pelas paredes
espessadas dos brônquios inflamados.

Etapas da DPOC:
Fase I da DPOC
Volume expiratório forçado no primeiro segundo anormal, mas maior que 50% da
quantidade precedida. Este grupo engloba a maioria dos pacientes. Os pacientes não
mostram uma hipoxemia severa. Obter gases arteriais neste ponto ajuda a estabelecer uma
linha de base para estudos posteriores. Nesta fase de DPOC não interfere grandemente com
a vida do paciente. Geralmente, o paciente é tratado por um médico de família. Se os
pacientes nesta fase começam a mostrar dispnéia, devem ser evoluídos por um
pneumologista.
Fase II da DPOC
O volume respiratório forçado no primeiro segundo está entre 35% e 49% da quantidade
precedida. Este grupo inclui o menor número de pacientes. Os pacientes nesta fase devem
ter determinações dos seus gases arteriais enquanto respiram ar corrente e deve ter-se
cuidado especial com as quantidades de pressão parcial de oxigênio, assim com também a
pressão parcial de bióxido de carbono. Nesta fase a DPOC começa a interferir na qualidade
de vida do paciente, que começa a sentir-se mais desabilitado. Nesta fase os pacientes
devem ser evoluídos e vistos com certa freqüência por um pneumologista.
Fase III da DPOC
O volume expiratório forçado no primeiro segundo é menor que 35% da quantidade
precedida. A esta categoria pertence um número mínimo de pacientes. Os gases arteriais
devem ser evoluídos com freqüência. Nesta fase a DPOC afeta intensamente a qualidade da
vida do paciente.
COR PULMONALE
A cor pulmonale acontece freqüentemente quando a DPOC é severa. A cor pulmonale
inclui o falho cardíaco direito secundário à doença cardíaca devida à doença pulmonar e
também o princípio de edema periférico. Isto pode indicar a presença de hipertensão
pulmonar. A definição anatomopatologia da cor pulmonale é “hipertrofia do ventrículo
direito que resulta de uma doença que afeta a função e a estrutura dos pulmões, à exceção
de quando estas alterações pulmonares são o resultado de uma doença que afeta
primariamente o lado esquerdo do coração como sucede nas cardiopatias congênitas”.
Não se sabe se o falho cardíaco em términos da ação mecânica do ventrículo esquerdo
prepara para o desenvolvimento da cor pulmonale, já que o débito cardíaco quase sempre se
mantém dentro de limites normais. A causa de edema das extremidades inferiores que se vê
tão freqüentemente nos estágios finais da DPOC também não se sabe a ciência certa. É
possível que haja um componente na forma em que o paciente distribui a água e os
eletrólitos que seja tão importante ou mais que o falho ventricular. O desenvolvimento da
hipertrofia ventricular direita está intimamente ligado aos níveis de hipoxemia. A hipóxia
pode ser revertida pelo uso de oxigênio em longo prazo, o que explica que estes pacientes
que recebam oxigênio tenham um melhor prognóstico. A relação entre a hipertrofia
ventricular direita e a hipoxemia está muito melhor estabelecida do que, a que, há entre a
hipertrofia ventricular direita e mudanças na pressão da artéria pulmonar ou mudanças na
resistência da artéria pulmonar. A hipertrofia do ventrículo esquerdo vê-se com freqüência
no enfisema, assim como a sua disfunção, mas a sua causa é desconhecida. A perda da
superfície do parênquima vascular no enfisema que se supõe incrementa a pressão da
artéria pulmonar, não parece estar relacionada com a presença da cor pulmonale. A
diminuição rápida da área vascular que se produz quando há uma ressecção de tecido
pulmonar, por exemplo em cirurgia por carcinoma do pulmão, em certas ocasiões pode
levar á cor pulmonale em pacientes com a DPOC.

EXAME FÍSICO
As manifestações clínicas não aparecem ate que pelo menos um terço de acometimento do
parênquima pulmonar seja detectado.
Os sinais físicos tais como a cianose, o tórax em tonel e a respiração sibilante, ou as
prolongações dos tempos inspiratórios ou expiratórios da respiração, sentado numa posição
curvada para frente, tentando comprimir o ar para fora dos pulmões com cada esforço
expiratório. O emagrecimento é comum e pode ser acentuado a ponto de sugerir um tumor
maligno oculto. Nestes pacientes a hiperdistensão é intensa e a capacidade de difusão é
baixa. A dispnéia e a hiperventilação são proeminentes, de forma que ate uma fase muito
tardia da doença a troca gasosa é adequada e os valores dos gases arteriais são
relativamente normais. Devido à forte dispnéia e oxigenação adequada da hemoglobina,
estes pacientes são as vezes denominados “sopradores rosados”. Os seguintes sinais podem
ajudar a fazer o diagnóstico.
No outro extremo estão os doentes com enfisema que também sofrem acentuada bronquite
crônica e têm uma história de infecções recorrentes e escarro purulento. Geralmente
apresentam dispnéia e estímulo respiratório menos acentuados, de forma que retêm dióxido
de carbono, tornam-se hipóxicos e, muitas vezes, são cianóticos. Por razões não totalmente
claras, tendem a ser obeso. Com freqüência procuram auxílio médico após o início da
insuficiência cardíaca congestiva (cor pulmonale) e edema associado. Os pacientes com
este quadro clínico são algumas vezes insatisfatoriamente denominados “inchados azuis”.
A maioria dos indivíduos com enfisema e DPOC situa-se entre esses dois extremo
clássicos. Para todos eles existe o risco de a hipoxemia resultar em espasmo vascular
pulmonar, hipertensão pulmonar e cor pulmonale. A morte por enfisema esta relacionada a
insuficiência pulmonar com acidose respiratória, hipóxia e coma ou insuficiência cardíaca
direita.

SINAIS NA DPOC
A obstrução do fluxo aéreo caracterizado por: Respiração sibilante na auscultação durante
respiração normal ou forçada. Prolongação do tempo expiratório O enfisema severo está
caracterizado por: Hiperdistensão pulmonar, rebaixamento de ambos diafragmas.
Diminuição na intensidade dos sons pulmonares, assim como também os ruídos cardíacos.
Se suspeita doença avançada quando há: Respiração com os lábios franzidos. Uso dos
músculos acessórios respiratórios. Retração dos espaços intercostais á inspiração (tiragem).

OUTROS SINAIS PERTINENTES
Presença de respiração em prensa utilizada pelos pacientes para aliviar a dispnéia, mesmo
em posição de repouso.
A presença de pulso paradoxal.
A aparição de edema nas extremidades inferiores.
A aparição súbita de dedos em palitos de tambor (artropatia pneumica hipertrofiante), o que
está intimamente relacionado com a presença de câncer de pulmão. Este descobrimento
pode estar também relacionado com bronquiectasias e abscessos pulmonares.

DADOS DE LABORATÓRIO
Um radiograma simples de tórax em PA e perfil deve ser solicitado de rotina frente à
suspeita de DPOC, não para definição desta, mas para afastar outras doenças pulmonares,
principalmente a neoplasia pulmonar. A tomografia está indicada na DPOC somente em
casos especiais, tais como: suspeita de bronquiectasias ou bolhas, indicação de correção
cirúrgica destas, programação de cirurgia redutora de volume.
A avaliação funcional confirma a suspeita clínica da doença, quantifica o grau de
comprometimento, avalia o prognóstico e auxilia no acompanhamento evolutivo da mesma.
A avaliação funcional pode ser dividida em avaliação gasométrica e espirometrica.
A espirometria antes e depois de broncodilatadores é essencial para confirmar a presença da
obstrução do fluxo aéreo, assim como também o grau de reversibilidade que pode existir, e
ademais, quantificar o nível máximo da função ventilatória. Volumes pulmonares. Os
volumes pulmonares são importantes e em especial quando se mede o volume residual, o
que aumenta quando há obstrução do fluxo aéreo, assim como também a relação entre o
volume residual e a capacidade funcional de reserva. Capacidade de difusão para o
monóxido de carbono. Esta prova está indicada em casos especiais quando se quer delinear
a severidade do dano que existe no parênquima pulmonar, principalmente nos casos de
enfisema severo. Os gases arteriais podem ajudar no estágio primário da obstrução do fluxo
aéreo (volume expiratório forçado no primeiro segundo mais que a metade do precedido); é
essencial nos estágios II e estágios III da obstrução do fluxo aéreo (volume expiratório
forçado no primeiro segundo menos que 50% do predito normal); e pode ser muito
importante em casos de obstrução severa do fluxo aéreo ou casos da DPOC complicados
com outros estados patológicos como a embolia pulmonar e a pneumonia.
Os parâmetros mais importantes do ponto de vista de aplicação clínica são a CVF, o VEF1
e a relação VEF1/CVF.
A avaliação da oxigenação deve ser feita inicialmente de maneira não-invasiva pela
oximetria de pulso. Se for identificada uma saturação periférica de oxigênio (SpO2) igual
ou inferior a 90%, está indicada, então, a realização de gasometria arterial para avaliação da
PaO2 e PaCO2.
Quando a oximetria for normal, esta deve ser repetida periodicamente nos pacientes a partir
do estágio II, e sempre que houver exacerbação.
A realização de outros testes da avaliação respiratória no paciente com DPOC não é
rotineira, podendo, porém, ser considerada em condições especiais, tais como:
-Dosagem de alfa-1 antitripsina indicada nos casos de aparecimento de enfisema
pulmonar em pacientes com idade inferior a cinqüenta anos;
-Avaliação eletro e ecocardiográfica indicada nos casos em que há suspeita de
hipertensão pulmonar e cor pulmonale, geralmente em fases avançadas da doença, e
no diagnóstico diferencial com cardiopatias primárias.

Tratamento:
Na otimização da função pulmonar em DPOC estável, a terapia broncodilatadora é
recomendada para estes pacientes, além da administração de corticosteróides e de
metilxantinas. Na exacerbação aguda da DPOC causada por uma bronquite purulenta,
inclui-se a suplementação de oxigênio para manter a saturação arterial >90%, além de
broncodilatadores inaláveis, antibióticos orais e corticosteróides sistêmicos. Para os
pacientes com hipercapnia e acidemia respiratória aguda, o médico deve determinar se deve
instituir a assistência ventilatória. As terapias adicionais para os indivíduos em estágio final da DPOC incluem o transplante de pulmão e a cirurgia de redução do volume pulmonar, na
qual pequenas porções do pulmão enfisematoso são removidas para reduzir a hiperinsuflação e melhorar a mecânica pulmonar do tecido remanescente. Finalmente, para os pacientes com deficiência de alfa1-antitripsina e DPOC estabelecida, é recomendada a chamada terapia de aumento intravenosa com preparação purificada de alfa1-antitripsina do sangue de doadores humanos. Esta terapia não se recomenda para as pessoas que padecem de enfisema por fumar cigarros ou outros fatores ambientais. O tabagismo é reconhecido como o principal fator de risco e, por isso, é conveniente sua interrupção. Transplante de pulmão: As informações recentes são provisórias. A cirurgia de redução do pulmão é uma nova modificação de uma intervenção cirúrgica na que se extirpam as partes mais afetadas do pulmão, para permitir que o pulmão e os músculos respiratórios restantes funcionem melhor. Até agora, os estudos são provisórios. Pelo momento, a experiência é limitada.
A escolha do antibiótico seguirá as recomendações abaixo, que dividem os pacientes de acordo com grupos específicos.

FISIOTERAPIA
A fisioterapia respiratória constitui componente de grande valor do tratamento da DPOC. O
plano fisioterápico visa oferecer o melhor comportamento funcional do paciente, sendo útil
o seu início o mais precocemente possível.
Consta de:
-Exercícios respiratórios;
-Exercícios de tosse;
-Drenagem postural de todos os segmentos pulmonares;
-Técnicas de percussão torácica associadas à drenagem postural;
-Prática de exercícios destinados a coordenar a atividade física com a respiração;
-Movimentação ativa e passiva de membros superiores e inferiores, inclusive em
pacientes hospitalizados, associação com a terapêutica inalatória, podendo as
sessões de fisioterapia ser realizadas, após nebulizações de broncodilatadores ou
simultaneamente à inalação de oxigênio;

Oxigenoterapia:Indicações gerais de oxigenoterapia: A oxigenoterapia
tem demonstrado ser, de forma inequívoca,o principal tratamento para melhorar a sobrevida de
pacientes hipoxêmicos portadores de DPOC, tendo como objetivo a manutenção da saturação arterial da oxiemoglobina acima de 90% (SaO2 ≥ 90%),documentada na gasometria arterial.
Os principais benefícios da oxigenoterapia a longo prazo incluem:
-Normalização de eritremia secundária á hipóxia.
-Aumento da oxigenação tissular.
-Diminuição da hipertensão pulmonar com alívio do falho cardíaco devido á cor pulmonale.
-Reforço da função cardíaca.
-Aumento do peso corporal.
-Melhor função neuropsicológicas.
-Melhor capacidade de exercício, e, de atividades da vida diária.
-Melhor sobrevida em pacientes hipoxêmicos com a DPOC (O mecanismo pelo que
sucede não está completamente explicado.)
Constituem indicação para a prescrição de oxigênioterapia prolongada domiciliar a baixos
fluxos os seguintes achados laboratoriais e de exame físico:
PaO2 = 55 mmHg ou saturação = 88% em repouso;
PaO2 entre 56 e 59 mmHg com evidências de cor pulmonale ou policitemia.
OXIGENOTERAPIA DURANTE O SONO
Os pacientes que estão hipoxêmicos enquanto estão acordados, tornam-se mais hipóxicos
quando estão dormindo. A oxigenoterapia noturna pode ajudar a corrigir a hipoxemia
noturna exceto em pacientes que têm disritmias respiratórias durante o sono devido a outras
causas. Usualmente recomenda-se agregar um litro por minuto de oxigênio na quantidade
de oxigênio que se recebe durante o dia. Isto ajuda a corrigir a hipoventilação e as
anormalidades no intercâmbio gasoso que ocorrem durante o sono. A forma mais exata para
chegar a determinar o grau de oxigenoterapia ideal para um paciente está determinado pelos
resultados de registros da saturação com o oxímetro durante o sono.
OXIGENOTERAPIA QUANDO HÁ HIPOXEMIA PROVOCADA PELO EXERCÍCIO
Apesar de que ser recomendo que os pacientes com a DPOC se mantenham ativos, a
presença de dispnéia dificulta esta atividade. Muitos pacientes com DPOC que têm hipóxia
quando estão em posição de descanso pioram com o exercício. Outros desenvolvem hipóxia
só durante o exercício. A oxigenoterapia em casa de forma à suplementar, utiliza-se neste
último grupo, embora os efeitos benéficos a longo prazo não foram estudados com mais
profundidade.
Alguns estudos demonstraram que o oxigênio suplementar durante o exercício pode
prevenir aumentos transitórios na pressão da artéria pulmonar e da resistência vascular
pulmonar. Os benefícios imediatos da oxigenoterapia durante o exercício são uma redução
na dispnéia e uma melhora nas tolerâncias ao exercício com sobrecarga de trabalho que são
próximas á máxima sobrecarga tolerável.
As provas de exercício devem fazer-se usando os grupos de músculos que têm mais
tendência a produzir dispnéia como, por exemplo, as pernas. Provas de exercícios repetidos
são necessárias para poder calcular a quantidade de oxigênio que deve administrar-se ao
paciente de maneira que a saturação seja 90 % durante o exercício. Algumas vezes não é
possível usar uma metodologia exata, de maneira que o médico decide clinicamente qual
vai ser o melhor equipamento para administrar o oxigênio e a maior quantidade de oxigênio
que o paciente deve receber para ter uma saturação aceitável.
Indicações para oxigenoterapia a longo prazo
Indicação Absoluta
PaO2 < 55 mmHg ou Saturação < 88%
Em presença de Cor-pulmonale
* PaO2 55-59 mmHg ou Saturação = 89%
* ECG amostrando evidência de “p” pulmonale, hematócrito
Se o paciente reúne as condições necessárias para oxigenoterapia durante o descanso
utilizar-se-á durante o sono e durante o exercício se é ajustado adequadamente.
Se o paciente está em normoxemia no descanso mas perde saturação durante o exercício
ou durante o sono (PaO2 > 55 mmHg). A oxinoterapia deverá ser usada nestes casos.
Também deve ser considerado o uso nasal de CPAP ou de EiPAP (Pressão contínua
positiva a dois níveis).
Em situações especiais
* PaO2 > 60 mmHg ou Saturação > 90%
Em presença de doença pulmonar associada a outros problemas, como apnéia do sono
com hipóxia não corrigida com o uso de CPAP (Pressão contínua positiva).
Se o paciente reúne as condições necessárias para oxigenoterapia durante o descanso
utilizar-se-á durante o sono e durante o exercício se é ajustado adequadamente.
Se o paciente está em normoxemia no descanso, mas perde saturação durante o
exercício ou durante o sono (PaO2 > 55 mmHg). A oxinoterapia deverá ser usada nestes
casos.
Também deve ser considerado o uso nasal de CPCP ou de EiPAP (Pressão contínua
positiva a dois níveis).

SUPORTE VENTILATÓRIO NA DPOC
De forma geral, o paciente com episódio de agudização e sinais de insuficiência respiratória
aguda (PaO2 < 55 mmHg PaCO2 > 50 mm Hg e pH < 7,35 ) é potencialmente candidato a
ser internado em um serviço de terapia intensiva para ser agilizado o tratamento
conservador, para serem monitorizadas as suas funções vitais, os seus gases sanguíneos e,
em algumas situações especiais, para ser submetido ao suporte ventilatório não-invasivo
(SVNI). Todos os pacientes DPOC agudizados, que não apresentam resposta satisfatória às
medidas terapêuticas iniciais nem sinais clínicos e gasométricos de necessidade imediata de
intubação traqueal são potencialmente candidatos a alguma forma de SVNI, na tentativa de
evitar o suporte ventilatório invasivo (SVI) e suas complicações.
As condições ideais para a utilização da SVNI são:
-Os pacientes que estejam alerta, cooperativos interativos, com reflexos protetores e
estabilidade hemodinâmica.
A decisão de se proceder à intubação traqueal reflete o insucesso do tratamento
conservador, da tentativa de instituição do SVNI e um curso clínico de alta gravidade,
estando apoiada nos seguintes fatos:
-Diminuição progressiva do nível de consciência, com perda dos reflexos protetores
das vias aéreas, em especial tossir e expectorar;
-Incapacidade de cooperação com o tratamento clássico;
-Sinais objetivos de fadiga e exaustão muscular que podem evoluir para PCR;
-Acidemia grave, com pH = 7,25 e PaCO2 muito elevada, causando arritmias
cardíacas, instabilidade hemodinâmica e edema cerebral.
Suporte ventilatório não-invasivo
Os efeitos benéficos do SVNI em pacientes com DPOC agudizada:
-Melhores trocas gasosas;
-Diminuição da sensação de dispnéia;
-Menor trabalho muscular respiratório;
-Menor necessidade de intubação traqueal e utilização do suporte ventilatório
invasivo.
Na prática diária, são utilizadas com maior freqüência a pressão positiva contínua das vias
aéreas (CPAP) e/ou ventilação com suporte pressórico (PSV), de preferência com
ventilador microprocessado. Nos pacientes com suspeita da presença de hiperinsuflação
dinâmica (auto-PEEP), sugerimos, quando possível, a utilização de CPAP antes da
intubação traqueal. Devido à dificuldade de se medir rotineiramente a auto-PEEP em,
pacientes com respiração espontânea, o valor ideal de CPAP que permite a redução da
hiperinsuflação dinâmica é aquele que proporciona a melhor resposta terapêutica ( redução
da dispnéia, IR, e acidose respiratória), com titulação a partir de 3 a 5 cm H2O.A PSV deve
ser ajustada em níveis que determinem volume corrente de 7 ml/Kg.A FiO2 deve ser
suficiente para que se mantenha uma saturação > 95 %. Devemos considerar como
indicador de sucesso do SVNI a melhora do padrão ventilatório, da PCO2 e da Sao2 após
45-60 minutos.O desmame do SVNI de ser conduzido de maneira cautelosa. Iniciamos pela
redução dos níveis de PSV até aquele de CPAP, que deverá ser suspenso após um período
de 120 minutos sem sinais de deterioração clínica. Caso contrario, devemos retornar aos
níveis prévios de pressão de suporte, somente reiniciando o processo 24-36 horas depois. O
SVNI pode, também, ser utilizado como forma de suporte pós-extubação ou como método
auxiliar no processo de desmame na VMI. A ventilação assistida ciclada à volume (VCV)
pode ser utilizada alternativamente co Vt de 10 ml/Kg e taxa de fluxo inspiratório de 50-60
l/min.
Problemas como aerofagia, retenção cápnica de vulto, distenção abdominal, vômitos,
broncoaspiração, lesões compressivas de face e inadaptações do paciente são inerentes ao
método e podem limitar sua utilização. Pacientes com instabilidade hemodinâmica e
arritmias cardíacas potencialmente letais não são candidatos ao SVNI. Deve-se enfatizar a
importância da seleção criteriosa dos pacientes que possam se beneficiar da sua utilização,
que deve ser feita em ambiente onde haja adequada supervisão de toda a equipe de saúde.
Suporte ventilatório invasivo
Deve ser iniciada em modalidade controlada, preferencialmente limitada à pressão, durante,
no mínimo, 12 horas para permitir a recuperação da fadiga muscular. Os modos controlados
a volume podem ser usados quando não houve possibilidade de utilização dos modos
limitados por pressão. Assim que é atingida a estabilidade clínica total, o paciente pode ser
conduzido aos modos assistidos (PSV, VASPV, assisto-controlada ou mandatória
intermitente sincronizada), iniciando o desmame da prótese.
Parâmetros Ventilatórios Iniciais
Fluxo insp.: Taxas = 50 L/ min. Provocam melhor distribuição dos gases e, ao reduzir o
tempo inspiratório, atenuam os efeitos danosos da hiperinsuflação dinâmica (auto-PEEP). O
padrão em desaceleração linear é preferido por gerar menores pressões inspiratórias
máximas e de platô, quando utilizadas os modos controlados a volume. Volume corrente:
em torno de 8 ml/ Kg. Adequados para ventilação alveolar e prevenção da hiperdistenção
pulmonar. Valores menores, em algumas situações, podem ser empregados, tolerando-se
também a hipercapnia resultante, que será titulada de acordo com as circunstâncias clínicas
e monitorização do pH, que, como regra geral, deve ser mantido acima de 7,20. FR:
iniciamos com valores de 8-12 ciclos/minuto para prolongar o tempo expiratório e atenuar a
auto-PEEP. Relação tempo inspiratório/expiratório: manter relação diminuída, a partir de
1:3. FiO2: iniciamos com o valor de 1 (100%) e posteriormente mudamos para um
compatível com Sat.O2 = 90% e PaO2 entre 60-100 mmHg. Pressão de pico e de platô:
quando usados os modos limitados por pressão, a medida de pressão de platô é a
recomendada, utilizando valores menores que 35 cmH2O. Se usados os modos controlados
por volume, a medida da pressão de pico também deve ser avaliada. Sensibilidade: a que
propicie o menor trabalho e não provoque a auto ciclagem do aparelho. Pressão positiva
expiratória final: a mínima necessária para atenuar a auto-PEEP. A necessidade de sedação
deve ser analisada individualmente.
Fase de manutenção
Permitir ao paciente que determine sua própria freqüência, caso possua estímulo
respiratório sem flutuações. Podemos utilizar a ventilação ciclada a volume com curva de
fluxo com desaceleração linear PSV ou VAPSV. Utilizar PEEP extrínseca num valor
correspondente a 85% da auto-PEEP medido, objetivando melhorara sincronia do paciente
com o aparelho e reduzir o trabalho respiratório resultante da hiperinsulflação.
Monitorização
Mensuração dos gases arteriais, bicabornato e pH. Oximetria de pulso, em pacientes
hemodinamicamente estáveis e com boa perfusão, e cpnografia, em pacientes selecionados,
com formas de mensuração indireta do PCO2. A auto-PEEP deve ser medida
rotineiramente. Diferença entre Ppi e Pplat pode estimar indiretamente a resistência das
vias aéreas. Monitorização da pressão de vias aéreas (Pva), cujo valor normal situa-se entre
15 e 25 cm H2O. Monitorização rigorosa de eletrólitos séricos, hematócrito e balanço
hídrico
Desmame
Início: após atendidas condições de estabilidade clínica e as condições hemodinâmicas,
funcionais respiratórias, gasométricas e eletrolíticas. Opção favorável à utilização do PSV
de forma isolada ou associada à CPAP. O desmame com técnica do tubo em T também
pode ser usado, visto que ainda há consenso quanto à superioridade entre as técnicas

Referências:

http://www.acemfc.org.br/modelo1/down/Suple_124_40_DPOC_COMPLETO_FINALimpresso.pdf
Leia mais: http://www.mdsaude.com/2010/04/dpoc-enfisema-bronquite-cronica.html#ixzz0yEHW4iEX
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/bronquite/bronquite-cronica.php
http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/respiratoria/enfisema_fabiola/enfisema_fabiola.htm
http://www.sogab.com.br/floresdias/dpocdefine.htm
http://www.capscursos.com.br/docs/Paulo%20TPM7.pdf

terça-feira, 24 de agosto de 2010

VMI No Paciente Pediátrico e Neonato

Pediatrica:Para definir o método de ventilação mecânica em pediatria,a tendência atual é observar a inter-relação das variáveis do respirador com a fisiopatologia da doença e com seus possíveis efeitos deletérios. Assim, tem-se observado,nos últimos anos, uma tendência em implementar modalidades menos agressivas de suporte ventilatório.
Neonato:A assistência ventilatória do RN que é feito na atualidade tem pouco mais de 20 anos o conceito a pressão de distensão contínua na VA como método de tratamento de RN portadores de doenças da membrana hialina, cuja principal característica é a redução importante da complacência pulmonar em 1972, foi desenvolvido o aparelho de Ventilação Pulmonar Mecânica (AVPM), baseado no “T” de Ayre. Os atuais AVPM se baseiam no controle de um fluxo contínuo de gases passando pelo circuito de ventilação, associado a válvulas que permitem regular o Pico de Pressão Maximo (PIP) e Pressão Positiva em Final de Expiração (PEEP), com ciclagem a tempo.

Os principais objetivos da VM no período neonatal são:reduzir as alterações da relação V/Q, mantendo a PaO2 normal, sem que se desenvolva a Doença Pulmonar Crônica e Retinopatia da Prematuridade; Melhorar a ventilação alveolar mantendo a PaCO2 normal, sem que ocorra superdistensão alveolar, hiperventilação, diminuição da perfusão tecidual ou barotrauma; Diminuir o trabalho respiratório, evitando a
fadiga muscular, sem aumento da resistência das VA ou supressão da respiração espontânea; Reexpandir as áreas atelectasiadas, evitando a superdistensão alveolar e a redução da perfusão pulmonar, do retorno venoso e do debito cardíaco.

Indicações Neonato:Suas indicações não se resumem as doenças primárias do pulmão. Freqüentemente é utilizada em outras situações;como parada cardiorrespiratória com apnéia devido à alteração metabólica, arritmias, infecções, hipotermia e herniação cerebral.
A VM está indicado nas seguintes situações clínicas:Acidose respiratória com pH < 7,25; Hipoxemia com PaO2 < 50 a 60 mmHg, apesar da FIO2 elevada (>50); PaCO2 >
50 mmHg nas primeiras 72 horas de vida; Piora gasométrica e/ou clínica, apesar da utilização do CPAP; Apnéias recorrentes ou risco de fadiga muscular respiratória.

Tipos de ventilação:
Ventilação Limitada à Pressão e Ciclada a Tempo:Recomenda-se em crianças com peso inferior a 20kg,usualmente menores de quatro a cinco anos de idade.
Ventilação Limitada a Volume:Neste tipo de ventilação, existe a dificuldade de determinar o exato volume corrente que o paciente está recebendo devido ao escape de gás ao redor de cânulas sem balonete, usualmente utilizadas em crianças menores de 3 anos. Além disso, há uma escassez de aparelhos de ventilação
mecânica volumétricos adequados para esta faixa etária.
A ventilação limitada a volume é também pouco utilizada em outras faixas etárias (> 3 anos de idade), devido a um maior risco de lesão pulmonar induzida pela ventilação
mecânica. A lesão pulmonar induzida pela ventilação mecânica está associada, entre outros fatores, aos altos picos de pressão inspiratória positiva que podem ser gerados neste tipo de ventilação.
Ventilação Não Invasiva:Recomenda-se a ventilação não invasiva através do “prong” nasal (< 20kg) ou máscara nasal (> 20kg) antes da intubação e da ventilação mecânica invasiva, nas seguintes situações: nas doenças obstrutivas das vias aéreas inferiores, nos casos leves a moderados de pacientes com doenças restritivas, na hipoventilação de origem central,nas doenças neuromusculares, nos doentes terminais e no desmame da ventilação mecânica invasiva.
Não é recomendada ou é contra-indicada: na instabilidade hemodinâmica, na criança com risco de aspiração,na hemorragia gastrintestinal, no paciente agitado, não
cooperativo ou com muita secreção nas vias aéreas, na hérnia diafragmática e cirurgia abdominal recente.

Modos de Ventilação:
Ventilação Mandatória Intermitente (VMI):Recomenda-se o sistema VMI de fluxo contínuo para menores de 3 anos de idade.
O sistema de fluxo de demanda, em crianças menores de 3 anos, não é recomendado. Nesta situação, a pressão negativa que o paciente deve gerar para obter o fluxo de
gás, além de aumentar o trabalho respiratório quando comparado com o sistema de fluxo contínuo, afeta adversamente a tolerância ao sistema. Isto é especialmente verdadeiro em recém-nascidos e lactentes pequenos.
Com o aparecimento dos novos aparelhos de ventilação mecânica microprocessados, a ventilação sincronizada (VMIS) pode ser utilizada como uma opção para o tratamento
do paciente pediátrico, especialmente os acionados por diferença de fluxo e impedância torácica.
Ventilação Controlada:Recomenda-se em crianças com apnéia, choque, em algumas situações que apresentem grave comprometimento pulmonar e nas doenças que se beneficiam da hiperventilação.
Ventilação com Suporte de Pressão:Recomenda-se durante o “desmame” da ventilação mecânica de crianças nas seguintes situações: no edema pulmonar de origem cardiogênica ou não, nas doenças obstrutivas e naquelas caracterizadas por diminuição da complacência.
Em crianças com idade inferior a 3 anos, tem sido pouco utilizada devido à escassez de aparelhos adequados para esta faixa etária.
É contra-indicada ou não recomendável em crianças com o estímulo respiratório instável.
Ventilação com Relação Inversa:Na faixa etária pediátrica, os estudos prospectivos, randomizados e controlados não demonstraram diminuição
da morbidade e da mortalidade com o uso da Relação Inversa.
Poderia ser utilizada nas condições caracterizadas por diminuição da complacência (SARA), com hipoxemia refratária (SaO2 < 85%), apesar do uso de FIO2 > 0,8 e
PEEP > 15cmH2O.
Hipercapnia Permissiva:É recomendada na obstrução grave das vias aéreas inferiores (asma, bronquiolite), não responsivas ao modo convencional de ventilação. Recomenda-se, também, nas doenças pulmonares com diminuição da complacência (SARA) que necessitam PIP > 30 a 35cmH2O e FIO2 > 0,6.
É contra-indicada nos pacientes com risco de hipertensão intracraniana, nas arritmias cardíacas graves e na hipertensão arterial grave.
Os níveis aceitáveis do pH sanguíneo devem situar-se acima de 7,1.

RECOMENDAÇÕES CLÍNICAS:
VENTILAÇÃO NAS DOENÇAS COM DIMINUIÇÃO DA COMPLACÊNCIA (SARA, PNEUMONIAS INTERSTICIAIS):

Tipo de ventilação:Quando altos picos de pressão inspiratória são necessários para fornecer o volume corrente adequado, recomenda-se a ventilação limitada à pressão.
Modo de ventilação:Nos casos leves a moderados pode-se utilizar inicialmente a ventilação não invasiva, através de “prong” nasal (RN e
lactentes) ou máscara nasal (crianças maiores).
A CPAP e a BiPAP, quando utilizadas precocemente, têm,muitas vezes, evitado a intubação endotraqueal. No paciente pediátrico, em relação à BiPAP, faltam trabalhos comprovando a eficácia deste modo de ventilação não invasiva.
Tanto a CPAP como a BiPAP têm sido utilizadas durante o desmame da ventilação mecânica invasiva nestes pacientes.
Recomenda-se VMI com fluxo contínuo para lactentes e recém-nascidos, e suporte de pressão para crianças maiores,como modos de preferência para iniciar a ventilação
mecânica.
Recomenda-se a hipercapnia permissiva nos casos refratários à ventilação convencional, desde que não haja contra-indicações, na tentativa de evitar os efeitos deletérios da ventilação mecânica. Este modo de ventilação poderia
ser indicado quando a Pressão Inspiratória Positiva (PIP) ultrapassasse 35cmH2O e a Pressão Expiratória Final Positiva (PEEP) fosse superior a 15cmH2O e saturação
< 85%.
Pressão inspiratória positiva:Recomenda-se que a pressão de platô seja menor do que 35cmH2O e o pico de pressão inspiratória positiva (PIP) menor do que 40cmH2O no paciente adulto. Na criança,por falta de trabalhos adequadamente controlados,ainda não podemos determinar com segurança quais são estes valores; provavelmente devem ser menores, principalmente em lactentes e recém-nascidos.
Volume corrente:Recomenda-se que o volume corrente efetivo seja de 3
a 8ml/kg, o suficiente para manter a pressão de platô inferior a 30-35cmH2O.
Tempo inspiratório:Recomenda-se inicialmente o tempo inspiratório normal para a idade. Variando de 0,3 segundos (no recémnascido)a 1,2 segundos (no adolescente), com uma relação I:E normal de 1:2 a 1:3.
Pode-se aumentar o tempo inspiratório até atingir uma relação I:E igual 4:1 (ventilação com relação invertida) na impossibilidade de manter uma oxigenação adequada pelo aumento da PEEP e da FIO2.
Freqüência da ciclagem:Recomenda-se que a freqüência da ciclagem seja a mínima necessária para manter uma ventilação alveolar adequada.
PEEP:Recomenda-se iniciar a PEEP ao redor de 6cmH2O e aumentar progressivamente, 3cmH2O a cada vez, para manter uma SaO2 acima de 85%, com a menor FIO2 possível.
Recomenda-se a monitorização hemodinâmica quando a PEEP for superior a 15cmH2O.
FIO2:Recomenda-se a menor fração de oxigênio inspirada possível para manter uma SaO2 em torno de 89%, ou,nos casos mais graves, refratários às medidas convencionais,aceita-se uma SaO2 ao redor de 85%.
Sedação e curarização:Recomenda-se avaliar a necessidade de sedação para um maior conforto do paciente e facilitar a ventilação,principalmente quando a hipercapnia permissiva ou a ventilação com relação invertida forem usadas.
A maioria dos pacientes pediátricos não se beneficia da curarização; por esta razão, ela raramente é utilizada nestas circunstâncias.
Nos casos refratários às medidas adotadas, deve-se considerar a possibilidade de colocar o paciente em posição prona.

PATOLOGIAS OBSTRUTIVAS DAS VIAS AÉREAS INFERIORES (ASMA, BRONQUIOLITE):
Tipo de ventilação:Recomenda-se a ventilação limitada à pressão, para evitar altos picos de pressão inspiratória.
Modo de ventilação:Pode ser utilizado inicialmente o CPAP nasal, e posteriormente,nos casos de uma má resposta, a ventilação não invasiva (BiPAP), porém os resultados ainda não são conclusivos.
Recomenda-se a ventilação invasiva nos casos que não responderem ao CPAP e a ventilação não invasiva, ou nas crianças com acidose respiratória importante (pH < 7,1),hipoxemia refratária e instabilidade hemodinâmica (com intenção de reduzir o trabalho respiratório).
Recomenda-se a ventilação mandatória intermitente com freqüência respiratória baixa, aceitando-se o aumento da PaCO2 (hipercapnia permissiva).
Pressão inspiratória positiva:Recomenda-se que a pressão de platô seja menor do que 35cmH2O e o pico de pressão inspiratória (PIP) menor do que 40cmH2O no paciente adulto. Na criança, por falta de trabalhos, ainda não podemos determinar com segurança quais são estes valores; provavelmente devem ser menores, principalmente em lactentes e recém-nascidos.
Volume corrente:Recomenda-se que o volume corrente efetivo seja de 6
a 8ml/kg, o suficiente para manter a pressão de platô abaixo de 30 a 35cmH2O.
Tempo inspiratório: Recomenda-se inicialmente o tempo inspiratório maior do que o normal para a idade.
Recomenda-se uma relação I:E de 1/3 a 1/5 para permitir um tempo expiratório longo e evitar o aparecimento de auto-PEEP.
Freqüência de ciclagem:Recomenda-se que a freqüência de ciclagem seja baixa,desde 8 até 24 ventilações mecânicas por minuto, de acordo com a idade e a gravidade do quadro. O uso da freqüência de ciclagem alta está associado com o aparecimento de auto-PEEP.
PEEP:Recomenda-se usar PEEP baixa, em torno de 4cmH2O.

Referências:
http://www.capscursos.com.br/
Métodos de ventilação mecânica no paciente pediátrico, Coordenadores: JEFFERSON PEDRO PIVA, JOSÉ OLIVA PROENÇA FILHO,Relator: MARIA DE FÁTIMA FREIRE,Colaboradores: NORBERTO ANTÔNIO FREDDII, RENATO SOIBELMAN,ROBERTO SAPOLINK, WERTHER BRUNOW DE CARVALHO,Discutidores: ELIANA SENA, THELSO SILVA

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Ventilação Mecânica Invasiva (VMI)

A ventilação mecânica é um método de suporte para o paciente durante uma enfermidade aguda, não constituindo,nunca, uma terapia curativa.
Substituição da respiração fisiológica, de maneira que o paciente seja capaz de realizar sua função normal, proporcionando artificialmente uma troca gasosa adequada que assegure uma oxigenação correta dos tecidos e evite a retenção de gás carbônico.

Objetivos da VMI:Os objetivos fundamentais do suporte ventilatório foram divididos em fisiológicos e clínicos.
OBJETIVOS FISIOLÓGICOS:Manter ou modificar a troca gasosa pulmonar:
• Ventilação alveolar (PaCO2 e pH). O suporte ventilatório tem como objetivo intervir na ventilação alveolar.
Em certas circunstâncias, o objetivo pode ser aumentar a ventilação alveolar (hiperventilação para reduzir a pressão intracraniana) ou reduzir a ventilação alveolar de maneira controlada (hipercapnia permissiva); porém, o objetivo usualmente adotado é normalizar a ventilação alveolar.
•Oxigenação arterial (PaO2, SaO2 e CaO2). O objetivo é atingir e manter valores aceitáveis de oxigenação arterial (PaO2 > 60mmHg, SaO2 > 90%). A oferta de
oxigênio aos tecidos (DO2) deve ser considerada, corrigindo fatores como o conteúdo arterial de oxigênio (hemoglobina)e o débito cardíaco.
Aumentar o volume pulmonar:
• Insuflação pulmonar inspiratória final. Visa a prevenir ou tratar atelectasia.
• Otimizar a capacidade residual funcional (CRF). Utilizar a PEEP em situações em que a redução na CRF pode ser prejudicial (redução da PaO2, maior injúria pulmonar)
como na SARA e em pós-operatório com dor.
Reduzir o trabalho muscular respiratório.
OBJETIVOS CLÍNICOS:
• Reverter hipoxemia: aumentando a ventilação alveolar,aumentando o volume pulmonar, diminuindo o consumo de oxigênio e aumentando a oferta de oxigênio.
• Reverter a acidose respiratória aguda
• Reduzir o desconforto respiratório
• Prevenir ou reverter atelectasias
• Reverter fadiga dos músculos respiratórios
• Permitir sedação, anestesia ou uso de bloqueadores neuromusculares
• Reduzir o consumo de oxigênio sistêmico e miocárdico
• Reduzir a pressão intracraniana
• Estabilizar a parede torácica

Os métodos de suporte ventilatório mais praticados na rotina assistencial e, por isso, considerados convencionais,são os seguintes:
• Ventilação com pressão positiva intermitente, assistida e/ou controlada, ciclada a volume ou pressão (IPPV);
• Ventilação a pressão controlada (PCV);
• Ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV);
• Ventilação com suporte pressórico (PSV);
• Pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP);
• Associações: SIMV + PSV, PSV + CPAP, SIMV + CPAP.

Fases do ciclo ventilatório:
Disparo:Abertura da válvula ins. p/ liberar fluxo aéreo
O início da ins pode ser deflagrado pela programação do aparelho pela FR ou pelo esforço mm do paciente
Tempo:Qdo ajusta-se FR o ciclo respiratório fica pré determinado independente do esforço do pcte
Pressão:Ajuste da sensibilidade, esforço do pcte gera uma P pré ajustada
Fluxo:Ajuste da sensibilidade, esforço do pcte gera fluxo pré ajustado
Inspiração:Entrada do ar nos pulmões
Ciclagem:Fecha a válvula ins e abre a valv. ex
Transição da inspiração para expiração
Volume:Cicla qdo atinge volume pré determinado
Pressão:Cicla qdo atinge pressão pré determinada
Tempo:Cicla ao término do T ins ajustado
Fluxo:Qdo fluxo cai a 25% do peak flow
Expiração:Saída passiva do ar
Após a ciclagem abre-se a válvula expirat.
Passiva
Recuo elástico dos pulmões expulsa o ar
Ao final a válvula expiratória se fecha
Inicia um novo ciclo pelo disparo
Quanto maior a PEEP mais precoce o fechamento

CICLAGEM DOS VENTILADORES DE PRESSÃO POSITIVA:São classificados em quatro modalidades de acordo com término da inspiração.
Ciclados a tempo:A inspiração termina após um tempo inspiratório predeterminado.
A quantidade de gás ofertada e a pressão de vias aéreas vão variar, a cada respiração, dependendo das modificações da mecânica pulmonar. São ventiladores
também utilizados em domicílio. A ventilação à pressão controlada (PCV) é diferente neste modo, pois o fluxo desacelerado proporciona uma pressão constante durante
a inspiração, reduzindo os riscos de barotrauma. Isso possibilita aumentar o tempo inspiratório, permitindo inverter a relação I:E.
Ciclados a pressão:A inspiração cessa quando é alcançada a pressão máxima predeterminada. Os volumes oferecidos variarão de acordo com as mudanças da mecânica pulmonar. A ventilação minuto não é garantida.
Ciclados a volume:A inspiração termina após se completar um volume corrente predeterminado.
Ciclados a fluxo:A inspiração termina quando determinado fluxo é alcançado.
A ventilação por pressão de suporte é um exemplo.
Neste caso, uma pressão predeterminada em via aérea é aplicada ao paciente, o respirador cicla assim que o fluxo inspiratório diminui e alcança um percentual predeterminado de seu valor de pico (normalmente 25%).

VENTILAÇÃO CICLADA A VOLUME
Ventilação controlada:Nessa, o volume-minuto é completamente dependente da freqüência e do volume corrente do respirador. Nenhum esforço respiratório do paciente irá contribuir para o volume-minuto.
Entre suas indicações estão os pacientes que não conseguem realizar esforço respiratório (traumatismo raquimedular,depressão do SNC por drogas, bloqueio neuromuscular).
A combinação de ventilação controlada e bloqueio neuromuscular possibilita a redução do consumo de oxigênio, sendo freqüentemente empregada em pacientes com SARA. Adicionalmente, esta combinação, especialmente quando associada à hipercapnia permissiva, é utilizada para a redução do volutrauma em pacientes com SARA e, também, para a diminuição do barotrauma em asmáticos difíceis de ventilar.
Ventilação assisto-controlada:Nesse modo, o ventilador “percebe” o esforço inspiratório do paciente e “responde” oferecendo-lhe um volume corrente predeterminado. Esse esforço inspiratório deve ser o necessário para vencer o limiar de sensibilidade da válvula de demanda do ventilador, desencadeando,a partir daí, a liberação do volume corrente. Assim, o paciente “trabalha” para ciclar o respirador e realizar a inspiração.
Na presença de auto-PEEP aumenta-se o trabalho respiratório proporcional à quantidade de auto-PEEP presente.
Um modo controlado de “back-up” de freqüência é necessário para prevenir hipoventilação.
Ventilação mandatória intermitente (IMV, SIMV):Nessa modalidade o grau de suporte ventilatório é determinado pela freqüência do IMV. A intervalos regulares,o respirador libera um volume previamente determinado.
Fora destes ciclos, o paciente respira espontaneamente através do circuito do ventilador, portanto, com freqüência e volume corrente que variarão de acordo com a necessidade e capacidade individuais. A SIMV representa a sincronização com o movimento inspiratório; essa modificação,entretanto, cria a necessidade de uma modalidade de “disparo”, seja uma válvula de demanda ou um mecanismo de “flow-by”. Ambas as situações aumentam o trabalho respiratório. Vantagens do SIMV em relação à ventilação assisto-controlada:
• Melhor sincronismo com o ventilador;
• Menor necessidade de sedação;
• Menor tendência a alcalose respiratória;
• Menor pressão média de vias aéreas, com redução dos riscos de barotrauma e comprometimento hemodinâmico,especialmente na vigência de PEEP;
• Manutenção da resistência muscular possibilitada pela respiração espontânea.

VENTILAÇÃO CICLADA A FLUXO (PRESSÃO DE SUPORTE):
Modalidade ciclada a fluxo, em que, uma vez disparada pela válvula de demanda, uma pressão predeterminada é mantida até que caia o fluxo inspiratório do paciente, habitualmente 25% do seu valor máximo. Tende a ser muito confortável, uma vez que o paciente detém o controle sobre o ciclo respiratório. Pode ser adicionada ao suporte ventilatório total ou parcial (SIMV), vencendo a resistência do tubo e do circuito durante a respiração espontânea.
A resistência ao tubo endotraqueal é função do diâmetro do tubo e do fluxo inspiratório. Valores superiores a 10cmH2O podem ser necessários para vencer esta resistência,particularmente naqueles tubos de menor calibre (7mm ou inferior) ou em pacientes com DPOC. Sua aplicação possibilita o aumento do volume corrente e a redução da freqüência respiratória.
O suporte ventilatório total exige altos valores de pressão de suporte (27 ± 5cmH2O). Valores baixos aumentam o risco de colabamento alveolar. A monitorização
cuidadosa é necessária, uma vez que nem volume corrente ou minuto são garantidos por esta modalidade. A PSV pode ser mal tolerada em pacientes com alta resistência
de vias aéreas. O seu uso em pacientes com DPOC não diminui a auto-PEEP, a qual, por aumentar o trabalho respiratório,pode inviabilizar o uso de PSV nestes pacientes.
Assim como ocorre na ventilação A/C e SIMV, pode ocorrer assincronia durante o uso de PSV na modalidade total de assistência ventilatória. No momento, a PSV não se
constitui uma modalidade adequada para a abordagem da insuficiência respiratória aguda; entretanto, esforços têm sido feitos para contornar estes problemas, para que a PSV possa ser utilizada em maior escala no futuro (ventilação assistida proporcional e PSV com volume garantido).

PEEP (PRESSÃO POSITIVA AO FINAL DA EXPIRAÇÃO):Define-se como sendo a manutenção da pressão alveolar acima da pressão atmosférica ao final da expiração.

PARÂMETROS PROGRAMÁVEIS
Concentração de oxigênio no ar inspirado (FIO2):É recomendável que se inicie a ventilação mecânica com FIO2 = 1,0, procurando-se reduzir progressivamente este valor a concentrações mais seguras, objetivando uma FIO2
< 0,5. O ideal é manter uma FIO2 suficiente para obter uma SaO2 > 90%, sem expor o paciente ao risco de toxicidade pelo oxigênio. Entretanto, em casos graves de SARA,
com o objetivo de evitar altas concentrações de oxigênio,pode ser tolerada uma SaO2 > 85%.
Freqüência respiratória:A freqüência respiratória deve ser ajustada de acordo com a PaCO2 e pH desejados, e dependerá do modo de ventilação escolhido, da taxa metabólica, do nível de ventilação espontânea e do espaço morto. Em geral, recomenda-se a freqüência respiratória de 8-12ipm, para a maioria dos pacientes estáveis. Deve-se ficar atento para o desenvolvimento de auto-PEEP com altas freqüências respiratórias,geralmente acima de 20ipm.
Volume corrente:Na ventilação mecânica volume controlado, o volume
corrente (VT) é mantido constante, sendo o fator de ciclagem do respirador. Um VT inicial de 10-12ml/kg (baseandose no peso ideal) é, geralmente, adequado. Ajustes subseqüentes devem ser considerados, baseando-se inicialmente na pressão parcial de gás carbônico no sangue arterial (PaCO2). Na SARA é recomendado o uso de VT de 5
a 8ml/kg.
A necessidade de ajustar o VT para obter uma determinada PaCO2 deve-se às variações na produção do CO2 pelo paciente e, principalmente, no volume do espaço morto. O espaço morto anatômico, durante a ventilação mecânica, é acrescido dos volumes da cânula traqueal, do circuito do respirador e do volume que se perde na distensão
do circuito. Estes volumes variam entre os diferentes circuitos e podem levar à necessidade de ajustes no VT.
Além disso, durante a ventilação mecânica, pode-se aumentar o espaço morto fisiológico, principalmente com grandes volumes correntes, em função da diminuição do
retorno venoso e da hiperdistensão alveolar, com compressão de capilares pulmonares.
Em algumas situações específicas, a normalização da PaCO2 não é o parâmetro para ajustar o volume corrente.
Em pacientes obstrutivos (asma e DPOC), volumes correntes menores podem ser necessários para evitar a hiperdistensão pulmonar, com conseqüente geração de auto-
PEEP.
Especificamente nos pacientes com DPOC com retenção crônica de CO2, o VT ajustado deve manter os níveis elevados de CO2 para que não se alterem os mecanismos
de retenção de bicarbonato. A normalização da PaCO2 nesses pacientes promoverá a diminuição dos níveis de bicarbonato, sendo causa de acidose respiratória e dificuldade de retirada do suporte ventilatório, quando se tentar o desmame. Dessa forma, deve-se estar atento aos valores do pH arterial.
Em pacientes com complacência pulmonar diminuída (principalmente na SARA), ao ajustar o volume corrente,deve-se evitar a hiperdistensão alveolar. Embora haja controvérsias,a manutenção da pressão de platô abaixo de 35cmH2O (ou 40cmH2O em pacientes obesos, com ascite ou distensão abdominal, ou em outras condições de
diminuição da complacência da parede torácica) constituise em medida segura para evitar esta hiperdistensão.
Fluxo inspiratório:A importância da escolha do pico de fluxo inspiratório é diferente entre os ciclos assistidos e os ciclos controlados.
Nos ciclos controlados, a escolha do pico de fluxo determinará a velocidade com que o volume corrente será ofertado, determinando, conseqüentemente, a relação
inspiração/expiração para aquela freqüência respiratória,e o pico de pressão nas vias aéreas. Sendo assim, para um dado ajuste de volume corrente e freqüência respiratória,um maior pico de fluxo se correlaciona com o menor tempo inspiratório e maior pico de pressão nas vias aéreas. Nos ciclos controlados, um pico de fluxo entre 40 e 60L/min é, em geral, suficiente, procurando-se manter a PIP < 40cmH2O.
Durante os ciclos assistidos, na escolha do pico de fluxo inspiratório, deve-se considerar também a demanda ventilatória do paciente. Um fluxo inspiratório insuficiente determina desconforto e maior trabalho respiratório para o
paciente, em função da manutenção do esforço inspiratório ao longo da inspiração. Em função disto, o pico de fluxo inspiratório, nos ciclos controlados, necessitará ser
maior, em geral entre 60 e 90L/min. Outra possibilidade de evitar um maior trabalho respiratório pelo paciente,nos ciclos assistidos, é a combinação de um fluxo de demanda à modalidade volume controlada (VAPSV).
Ondas de fluxo:Os ventiladores, na modalidade volume controlado,
podem ofertar o fluxo inspiratório em quatro formas (onda de fluxo): quadrada (ou constante), sinusoidal, acelerada e desacelerada. As ondas de fluxo de padrão acelerado ou sinusoidal são menos utilizadas, não trazendo vantagens em relação às demais. Entre as duas ondas de fluxo mais freqüentemente usadas, a quadrada e a desacelerada, concentram-se os principais estudos.
Em relação ao fluxo quadrado, o desacelerado apresenta menor pico de pressão nas vias aéreas e melhor distribuição da ventilação (diminuição do espaço morto fisiológico)quando o tempo inspiratório é mais prolongado. Não existem trabalhos que demonstrem, de forma definitiva, a superioridade de uma destas ondas de fluxo, desde que ajustadas para o mesmo volume corrente, a mesma relação entre tempo inspiratório e tempo total, e o mesmo fluxo médio.
Relação inspiração:expiração – I:E:A relação I:E, durante respiração espontânea normal,é de 1:1,5 a 1:2 com tempo inspiratório de 0,8 a 1,2
segundos. Durante a ventilação mecânica, ela dependerá do volume corrente, da freqüência respiratória, do fluxo inspiratório e da pausa inspiratória.
Em pacientes com obstrução do fluxo expiratório e hiperinsuflação,recomenda-se uma relação I:E < 1:3 objetivando um aumento no tempo de exalação.
Em pacientes hipoxêmicos, relações I:E mais próximas de 1:1 aumentam o tempo de troca alvéolo-capilar, trazendo,conseqüentemente, melhora na oxigenação.
Uma relação I:E > 1:1 pode predispor ao desenvolvimento de auto-PEEP, embora possa melhorar a troca gasosa na hipoxemia refratária. Nos pacientes com síndrome
hipoxêmica grave, podemos chegar a relações I:E = 3:1.
Sensibilidade:A sensibilidade deve ser compreendida como o esforço
despendido pelo paciente para disparar uma nova inspiração assistida pelo ventilador.
O sistema de disparo por pressão é encontrado na maioria dos ventiladores, sendo recomendado o valor de –0,5 a –2,0cmH2O. O sistema de disparo a fluxo pode ser encontrado em ventiladores mais novos, e parece proporcionar melhor interação com o paciente.

MONITORIZAÇÃO DA TROCA GASOSA:A troca gasosa consiste na principal função dos pulmões,e sendo a hipoxemia o evento de maior gravidade por comprometer diretamente a oferta de O2 aos tecidos,a sua monitorização é fundamental. Dessa forma, podemos dividir a avaliação das trocas gasosas em duas partes: índices de oxigenação e índices de ventilação.
ÍNDICES DE OXIGENAÇÃO:
Pressão parcial do oxigênio no sangue arterial (PaO2):Esta consiste na medida direta da pressão parcial de O2 numa amostra de sangue, colhida anaerobicamente, de uma artéria periférica. Sua interpretação é imediata. O paciente deve ser mantido com uma taxa suficiente para que tenhamos uma saturação adequada da hemoglobina.
Assim, o ideal seria mantermos uma PaO2 por volta de 80mmHg que garanta uma saturação superior a 95%.
Em condições clínicas estáveis (ex: homeostase normal,sem desequilíbrio ácido-básico, etc.), uma PaO2 acima de 60mmHg implica, de acordo com a curva de dissociação
da hemoglobina, uma saturação superior a 91%. De acordo com a mesma curva, fica claro também que não há vantagem nenhuma em trabalharmos com PaO2 acima de 90 ou 100mmHg. Assim, se a taxa de hemoglobina for normal, teremos um conteúdo arterial de O2 (CaO2) adequado, pois este corresponde à quantidade real deste gás, que será transportado pelo sangue aos tecidos, através do débito cardíaco (Oferta de O2 aos tecidos = DO2).
Lembrando:
CaO2 = [Hb x SaO2 x 1,36] + [0,0031 x PaO2]
DO2 = CaO2 x DC x 10
Como o paciente em VM está sujeito a mudanças freqüentes na fração de O2 no ar inspirado, as comparações da PaO2, para definirmos se o quadro pulmonar está ou
não melhorando, ficam, muitas vezes, difíceis. Dessa forma,no momento, o índice de oxigenação mais aceito é a relação PaO2 corrigida para a FIO2 utilizada. Este é um
índice extremamente simples e de fácil obtenção, que pode ser aplicado em qualquer serviço, dando-nos uma medida do grau de disfunção pulmonar do nosso paciente. Exemplo:para um indivíduo normal, o limite esperado para a PaO2 seria 80mmHg (em ar ambiente); assim, a relação seria cerca de 400. O limite para caracterizarmos uma
insuficiência respiratória grave seria uma PaO2 de 60mmHg com FIO2 de 0,21. Portanto, uma relação inferior a 300 caracterizaria a gravidade da disfunção pulmonar.
Oximetria de pulso:Consiste na avaliação da percentagem de saturação da hemoglobina pelo O2. Este método usa os princípios da espectrofotometria (absorção de luz num comprimento de onda específico) para o fornecimento dos resultados. É uma técnica bastante útil e que vem sendo cada vez mais aplicada, pois não é invasiva, que fornece informações continuamente, cujo preço vem se tornando acessível nos últimos anos. Tem uma excelente correlação com os resultados obtidos através da gasometria arterial, mesmo em situações de hipotermia, débito cardíaco baixo e hipotensão arterial, desde que o sinal se mantenha adequado.
Em algumas condições como: hiperpigmentação da pele,uso de esmaltes, meta-hemoglobinemia, etc., seu resultado deve ser analisado criteriosamente. Porém, em condições que levam à queda da saturação, principalmente abaixo de 75%, os dados fornecidos podem ser anormalmente mais altos. Assim, considera-se que a acurácia dos oxímetros de pulso é ruim abaixo de 80% de saturação. Acima de 90% depende do aparelho que está sendo utilizado;em termos de segurança, a variabilidade das medidas
(limites de confiança dos vários sistemas disponíveis) é de,no máximo, 4%. Portanto, podemos acreditar que, se o nosso paciente mantiver uma oximetria acima de 95%,
ele deve estar com uma PaO2 acima de 60mmHg.

Outros índices:Podemos, também, avaliar a troca gasosa através de
parâmetros de avaliação da relação entre ventilação alveolar e perfusão sanguínea capilar, tais como: a diferença alvéolo-arterial de O2 [P(A-a)O2] e o shunt intrapulmonar (Qs/Qt). São índices um pouco mais complexos de ser obtidos, mas que trazem importantes informações quanto à fisiopatologia da disfunção respiratória.
ÍNDICES DE VENTILAÇÃO:
Pressão parcial do gás carbônico no sangue arterial (PaCO2)Consiste na melhor forma de avaliar a ventilação alveolar,uma vez que a PaCO2 é determinada pelo nível de ventilação alveolar (VA) para um dado nível de produção de CO2 (V’CO2), de acordo com a equação:V’CO2 = V’A x PaCO2Assim, nota-se uma relação direta entre a produção de gás carbônico e a PaCO2, e uma relação inversa entre esta e a ventilação alveolar. Portanto, podemos dizer que,
quando a PaCO2 se eleva, o paciente está hipoventilando e vice-versa. Como a V’A depende de vários fatores (volume corrente (VT), espaço morto (VD) e freqüência respiratória (fR)), podemos, através da análise desses parâmetros,definir a melhor forma de intervir na ventilação, estando o paciente em respiração artificial:
V’A = (VT - VD) x fR
Capnografia:Através de um analisador contínuo de CO2 adaptado à
cânula de intubação do paciente, é possível obter o valor da PCO2 no ar exalado ao final da expiração (PetCO2). É possível, ainda, o registro gráfico da curva de CO2 em
função do tempo (durante todo o ciclo respiratório), chamado capnograma. Este define graficamente as fases do ciclo. Assim, na inspiração, a concentração de CO2 no ar
é zero, em seguida, quando o paciente começa a expirar,inicialmente a taxa de CO2 não se eleva (fase I da curva),pois o ar que está saindo representa o gás das vias aéreas de condução (parte do espaço morto anatômico). Na seqüência,notamos uma elevação progressiva na concentração do CO2, representada graficamente por uma elevação do traçado em forma de S (fase II) e, a seguir, uma fase de equilíbrio, platô, que representa a saída do gás alveolar (fase III). O valor de pico atingido, ao final da fase III, é chamado de PetCO2. Este valor representa, com uma
boa aproximação, o CO2 alveolar.
Normalmente, a diferença entre a PaCO2 e o PetCO2 é mínima (< 4mmHg). Em pacientes portadores de doença pulmonar que apresentam uma distribuição desigual da
ventilação, a capnografia apresenta um aumento progressivo e constante no sinal de CO2, que não atinge um platô.
Nestes, o gradiente PaCO2 – PetCO2 aumenta de forma imprevisível 10 a 20mmHg ou mais, fazendo com que a PetCO2 possa não refletir de forma confiável a PaCO2.
Para condições clínicas que promovem a retenção de CO2 (hipoventilação alveolar), a acurácia da medida da PetCO2 é menor.
MONITORIZAÇÃO DA MECÂNICA RESPIRATÓRIA:A utilização, nos ventiladores mecânicos, de telas que demonstram as curvas de pressão nas vias aéreas (Pva),fluxo inspiratório (V’) e volume corrente (VT), durante cada ciclo respiratório, trouxe um enorme avanço na aplicação da respiração artificial nas unidades de tratamento intensivo.
Com esses dados, os intensivistas podem detectar um mau funcionamento do aparelho, minimizar os riscos de complicações, além de poder avaliar diretamente os
modos utilizados. As medidas da Pva, V’ e VT permitem o cálculo das propriedades fisiológicas básicas do sistema respiratório, como complacência, resistência e trabalho respiratório, que facilitam a monitorização e o manejo do doente grave. Os dados podem ser obtidos através de equações simples ou podem ser diretamente fornecidos pelo aparelho através de software já acoplado.

PROPRIEDADES MECÂNICAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO:As propriedades mecânicas do sistema respiratório são definidas pela seguinte equação do movimento do sistema respiratório relaxado:

Pva =1/Crs. VT + Rsr . V’ + Isr . V’’Onde:

Pva = pressão nas vias aéreas
Csr = complacência do sistema respiratório
VT = volume corrente
Rsr = resistência do sistema respiratório
V’ = fluxo inspiratório
Isr = inertância do sistema respiratório
V” = aceleração
A inertância (análoga da inércia) é a medida da tendência do sistema respiratório em resistir a mudanças no fluxo aéreo. Nas freqüências respiratórias, usualmente alcançadas na ventilação mecânica ou na espontânea, os efeitos da inertância são desprezíveis. Assim, normalmente não é levada em conta nos cálculos de mecânica.
É difícil para os indivíduos relaxarem totalmente a musculatura respiratória; sendo assim, o estudo dessas propriedades é bem mais viável em pacientes intubados do
que em pessoas respirando espontaneamente, pois estes podem ser sedados ou mesmo curarizados.

COMPLACÊNCIA:Em condições estáticas (paciente relaxado), a pressão
nas vias aéreas é igual à pressão de recolhimento elástico do sistema respiratório. Assim, complacência (inverso da elastância) é a medida da variação de volume por unidade de pressão aplicada, geralmente medida em mL/cmH2O.
O valor normal esperado, utilizada a forma de medida descrita a seguir, é cerca de 80mL/cmH2O. Em pacientes com insuficiência respiratória secundária (afecções que
infiltram o parênquima pulmonar), normalmente observamos valores inferiores a 50mL/cmH2O.

Cst,sr =VT/PPLAT – PEXP

Onde:
PPLAT = pressão de platô inspiratório
PEXP = pressão ao final da expiração (PEEP ou ZEEP)
É importante ressaltar que, para os cálculos da mecânica respiratória, é fundamental, além do paciente estar relaxado (obtido com sedação, curarização ou após período de hiperventilação), que as condições de ventilação sejam mantidas as mesmas em todas as medidas realizadas,para podermos interpretá-las de forma comparativa,ou seja, comparando a complacência de um determinado paciente durante dias consecutivos de ventilação artificial.
Assim, é necessário que se utilize o modo volume assistido/controlado com VT fixo e V’’ constante (sugerimos 60L/min ou 1L/s) e pausa inspiratória de pelo menos 2s.
O sistema respiratório é composto pelo pulmão e pela parede torácica, e estes funcionam como sistemas em série.
Desta forma, a pressão aplicada sobre a via aérea é primeiro transmitida ao pulmão e, depois, somente uma parte desta é transferida à parede torácica. Assim, a pressão
necessária para distender o sistema respiratório é a soma das pressões de distensão do pulmão e da parede torácica.
Portanto:

Esr = Ep + Ept

Onde:
Esr = elastância do sistema respiratório
Ep = elastância do pulmão
Ept = elastância da parede torácica
Fica claro que o pulmão e a parede torácica têm diferentes relações pressão x volume (P x V). Desta forma, a resultante da curva P x V para o sistema respiratório tem
a forma de uma sigmóide, na qual a faixa central corresponde à região de maior complacência.Esta faixa define a região onde a ventilação deve ocorrer, pois, abaixo dela,teremos alvéolos colabados e acima, hiperdistensão pulmonar.

RESISTÊNCIA:Resistência corresponde à oposição ao fluxo de gases e
movimento dos tecidos devido a forças de fricção através do sistema respiratório. A energia gasta é dissipada na forma de calor dentro do sistema. A resistência, medida
em cmH2O/L/s, pode ser calculada segundo a fórmula descrita abaixo, usando-se onda de fluxo quadrada, sendo o valor normal esperado de 4 a 7cmH2O/L/s:

Rsr =PPI – PPLAT/V’

Onde:
PPI = pico de pressão inspiratória
PPLAT = pressão de platô inspiratório
V’ = fluxo inspiratório
Se não for possível medir diretamente a resistência, podemos inferi-la quando avaliarmos conjuntamente as complacências estática (Cst) e dinâmica. A complacência efetiva,medida de forma dinâmica (Cdyn), é obtida pela fórmula:

Cdyn =VT/PPI – PEXP

Uma queda na Cdin indica uma alteração no sistema respiratório devido a um problema resistivo e/ou parenquimatoso.
Se a Cst for aproximadamente normal, a alteração na Cdyn deve ser secundária a um aumento do componente de resistência ao movimento dos gases (fluxo aéreo) e/ou dos tecidos.

AUTO-PEEP:Em pessoas normais, no final da expiração, o volume
pulmonar aproxima-se do volume de relaxamento do sistema respiratório, ou seja, o volume determinado pelo balanço entre as pressões opostas de recolhimento elástico
da parede e do pulmão (capacidade residual funcional – CRF). Em algumas situações, este volume expiratório final será maior do que a CRF predita, provocando o aumento
da pressão de recolhimento elástico do sistema respiratório e, conseqüentemente, da pressão alveolar. Esta alteração é denominada auto-PEEP ou PEEP intrínseca. Em
pacientes submetidos à ventilação mecânica, a presença de auto-PEEP ocorre devido à presença de colapso das vias aéreas naqueles com limitação do fluxo aéreo, ou,
mais freqüentemente, quando a fR ou o VT estão altos e o tempo expiratório está curto para aquela situação específica (auto-PEEP dinâmica).
Como o manômetro de pressão do ventilador não registra a auto-PEEP, ao contrário da PEEP externa, ela também é chamada de PEEP oculta. A sua presença pode ocasionar
alterações importantes na mecânica ventilatória e nas condições hemodinâmicas; assim, o seu monitoramento é fundamental para o manejo de pacientes críticos, principalmente aqueles com obstrução das vias aéreas ou com unidades alveolares com diferentes constantes de tempo.
A maneira mais simples de diagnosticar e quantificar a auto-PEEP consiste na oclusão da via expiratória do ventilador antes do início de um novo ciclo inspiratório, possibilitando um equilíbrio entre a pressão alveolar e a pressão traqueal, e a sua visibilização no manômetro de pressão do ventilador. Os aparelhos mais recentes possuem um dispositivo facilitador desta manobra.

TRABALHO RESPIRATÓRIOS:O trabalho respiratório (W) é um parâmetro que visa conceber uma noção “energética” do esforço muscular;costuma estar aumentado em pacientes graves sob VM.
As técnicas para a sua medida são geralmente complexas e, por muito tempo, ficaram restritas a laboratórios de pesquisa. Recentemente, com as novas modalidades ventilatórias e a importância crescente de uma boa interação entre o paciente e o ventilador e, ainda, com o advento de monitores, à beira do leito, que realizam essas medidas,o trabalho respiratório passou a ser mais valorizado na monitorização em UTI.
Os músculos respiratórios executam trabalho, principalmente,para vencer as seguintes forças:
• forças elásticas – desenvolvem-se nos pulmões e na parede torácica quando ocorre uma mudança no volume;
• forças fluxo-resistivas – existentes devido ao fluxo de gás através das vias aéreas;
• forças visco-elásticas – resultantes da adaptação ao estiramento (“stress”) dos tecidos (pulmão + parede);
• forças plasto-elásticas dentro dos tecidos do tórax –resultantes da diferença no recolhimento elástico estático do pulmão + parede durante a insuflação e a desinsuflação pulmonar.
Dois tipos principais de W devem ser reconhecidos: o trabalho mecânico, no qual uma contração muscular gera um gradiente de pressão que promove um deslocamento
de ar, e a contração isométrica, onde nenhum deslocamento de ar é obtido, porém ocorre um custo metabólico para exercer a força. Assim, fica claro que, em algumas
situações, a avaliação dos gastos energéticos a partir do trabalho mecânico pode não ser muito precisa. Isso ocorre principalmente em situações de grandes esforços isométricos.
Pouco antes de disparar o respirador, em qualquer modo assistido, o paciente tem que fazer um esforço inspiratório até atingir a pressão mínima de abertura da
válvula inspiratória (nível de sensibilidade ajustado no respirador).
Este fato, a ausência de deslocamento de ar apesar da contração muscular, indica que, se formos calcular o W, até esse momento, ele será nulo, embora um gasto
de energia tenha ocorrido. Desta forma, uma outra maneira de quantificar o trabalho é necessária. Assim, os dois modos mais utilizados para a quantificação do W à
beira do leito são:
• medida do trabalho muscular mecânico: realizado através do cálculo de áreas em diagramas pressão (traqueal ou esofágica) x volume, ou seja, pelo produto da
pressão intratorácica gerada pela contração da musculatura respiratória (ou por um ventilador mecânico) e pelo volume de ar deslocado (VT). A unidade mais usada na
medida do trabalho muscular mecânico é o joule (J).
• medida do produto pressão x tempo: realizado através do cálculo de áreas em diagramas pressão (traqueal ou esofágica) x tempo inspiratório. Essa medida, portanto,não representa diretamente o trabalho realizado, mas é um bom indicativo.

Fisioterapia na VMI:A fisioterapia constitui um recurso terapêutico eficiente para tratamento e manejo dos pacientes submetidos à assistência ventilatória mecânica artificial (AVMA) e, em especial,aqueles portadores de complicações provenientes da restrição prolongada no leito.

INDICAÇÕES:
• Prevenção das complicações geradas por incapacidade de manter eficiente remoção das secreções brônquicas,incapacidade de manter o volume pulmonar adequado
e imobilidade no leito.
• Gerenciamento do trabalho respiratório, alternando terapeuticamente os limites de sobrecarga e repouso dos músculos respiratórios.

CUIDADOS ESPECIAIS:Em algumas situações clínicas deve haver cuidados especiais,a saber:
Insuficiência cardíaca – A drenagem postural brônquica seletiva pode piorar as arritmias Os pacientes com insuficiência cardíaca toleram pouco o tratamento, devendo ser rigorosamente monitorizados.
Hipercapnia – Durante a realização das manobras de higiene brônquica poderá ocorrer a elevação da PaCO2.
Nos pacientes em Suporte Ventilatório Parcial poderá ser necessária a adequação dos parâmetros do respirador durante as terapias.
SARA – Alguns pacientes têm um aumento da PaO2 após a drenagem brônquica, enquanto outros mostram uma piora da PaO2 e complacência. Deve-se considerar a
possibilidade de aumento do retorno venoso proporcionado pela posição de drenagem, o que pode piorar o extravasamento de líquidos para o espaço extravascular. A resposta
é individualizada e, se a SARA decorreu de infecção pulmonar, existe uma tolerância maior em relação ao tratamento.
Considerar condições onde a PEEP tenha significativo emprego na manutenção da PaO2, onde a compressão torácica deverá ser mais criteriosa.
Hipoxemia – A hipoxemia pode ocorrer ou piorar durante a realização das manobras de higiene brônquica.
Poderá ocorrer uma queda mais acentuada na PO2 quando pacientes com acometimento unilateral agudo forem posicionados com o pulmão envolvido dependente. Recomenda-
se a suplementação prévia de oxigênio durante a realização das manobras fisioterápicas.
Embolia Pulmonar – A probabilidade do avanço do trombo pelo sistema pulmonar durante a realização da fisioterapia respiratória é muito remota. Se o paciente possui indicação absoluta para o uso de Fisioterapia Desobstrutiva
Brônquica e secreção suficiente para necessitar de manobras de higiene, o risco/beneficio indicará a realização deste tratamento.
Hemoptise – Sua causa deverá ser conhecida previamente,antes de iniciarmos o tratamento. É comum a presença após trauma torácico com contusão pulmonar.
Nestes casos, a higiene brônquica não apresenta nenhum risco. Quando presente nos pacientes submetidos à radioterapia por neoplasia ou anticoagulados, as manobras de
higiene brônquica estão contra-indicadas.
Osteoporose e fratura de arcos costais – As fraturas de costelas podem ser causadas por trauma ou metástase.
Nas manobras de higiene brônquica, especial atenção deverá ser dada à intensidade de aplicação e da força efetiva, para que não ocorra lesão das costelas. A vibrocompressão deverá ser evitada.
Obs.: Se a fratura se localiza na parede posterior do tórax, o local deverá ser contido por uma das mãos enquanto a percussão e vibração for realizada lateralmente
à lesão. Se a fratura estiver localizada lateralmente ao tórax, ela deverá ser suportada com uma das mãos, já que o tratamento só será realizado posteriormente.
Pressão intracraniana – As maiores mudanças na pressão intracraniana ocorrem quando o paciente é posicionado em decúbito supino e durante a tosse. Na mudança de supino para Trendelemburg, a alteração é menos significativa.
Nos pacientes com hipertensão intracraniana:
• Deverão ser evitadas manobras que levem a um aumento da pressão intratorácica e conseqüente aumento da pressão intracraniana.
• As aspirações traqueais não deverão ser realizadas em horários programados e necessitarão de sedação prévia.
• Deverá ser sempre controlada a pressão de perfusão cerebral.
• Mudanças de decúbito, quando realizadas, deverão necessariamente manter o alinhamento de cabeça em linha mediana.
Obs.: Quando houver hemorragia cerebral é importante que se avalie bem o risco e o beneficio do tratamento.
Nos pacientes sem a monitorização da PIC deverão ser minimizadas as manobras fisioterápicas até que passe a fase aguda. As aspirações traqueais não
deverão ser realizadas de rotina ou em substituição a outras técnicas fisioterápicas.
HIV e AIDS – Ao realizar as manobras de desobstrução brônquica, o terapeuta deverá posicionar-se atrás do paciente para minimizar os riscos de ser exposto às secreções durante a tosse ou aspiração, sendo imperioso o uso de equipamento de proteção individual.
Cateteres de subclávia e tubos torácicos – Se o paciente realizou uma toracocentese, passagem de cateter,reposicionamento ou remoção de tubos torácicos, devese aguardar, para iniciar a manipulação, até que o RX de tórax seja realizado e descarte-se a existência de um pneumotórax.
Em pneumotórax não drenado estão contra-indicadas técnicas fisioterápicas que incentivem o aumento da pressão intratorácica.
Uso de sonda nasogástrica – Para reduzir as chances de broncoaspiracão é melhor que sejam realizadas as terapias imediatamente antes da dieta. Alguns terapeutas preferem aspirar o conteúdo gástrico antes de manipular o paciente. Em pacientes com refluxo gastroesofágico não se deve realizar drenagem postural em decúbitos horizontais ou Trendelemburg.

PROCEDIMENTOS DURANTE A REALIZAÇÃO DAS MANOBRAS:Há necessidade de conhecimento da clínica do paciente submetido à ventilação mecânica, para realizar a opção pela técnica mais adequada a ser empreendida. O tratamento geralmente envolve a utilização de uma combinação de técnicas, que dependerão das restrições clínicas,
das necessidades do paciente e da habilidade do fisioterapeuta.
O tórax deverá ser auscultado não apenas para localizar os segmentos mais comprometidos, mas também para a orientação quanto à efetividade do tratamento imposto.
Os parâmetros do respirador deverão ser verificados e registrados, em formulário próprio, antes da execução das terapias.
Deverão ser avaliados e monitorizados os parâmetros referentes à mecânica respiratória e hemogasométricos.
Deverão ser checados os comprimentos de todos os tubos e cateteres antes de realizar a mobilização do paciente.
O circuito do respirador também deverá ser verificado quanto ao acúmulo de água.
O ritmo e a freqüência cardíaca deverão ser observados,antes do início do tratamento, para distinguir arritmias de artefatos.
As manobras de higiene brônquica devem sempre culminar com a eliminação das secreções: ativamente, pelas técnicas de tosse e expiração forçada, ou passivamente,
pela aspiração.

TOLERÂNCIA ÀS TERAPIAS:Se sinais de intolerância aparecem precocemente, podemos afirmar que estes pacientes deverão se beneficiar
de terapias curtas com intervalos pequenos.
Arritmias cardíacas podem ser um dos sintomas de intolerância,em que a hipoxemia provocada durante o tratamento pode ser a causa. A percussão raramente interfere
nos marcapassos cardíacos.
A hipoxemia é mais freqüentemente causada pela alteração da relação ventilação/perfusão e shunt, presente nos pacientes que não eliminam secreções durante a terapia.

RECURSOS FISIOTERÁPICOS
MANOBRAS DE HIGIENE BRÔNQUICA:Relacionam-se a técnicas como drenagem postural, percussão,vibração, compressão, vibro-compressão e as variantes
terapêuticas da tosse. São técnicas capazes de reverter rapidamente a hipoxemia causada pela obstrução das vias aéreas e pelo aumento de secreção.
Até o momento não se conseguiu estabelecer a superioridade de uma manobra sobre a outra isoladamente. Seus efeitos possuem enfoque multifatorial de elevada complexidade,além de aspectos intrínsecos da mecânica, ventilação pulmonar e função dos músculos respiratórios.
A eficácia destas manobras não pode ser julgada pelo volume de secreção produzido durante a terapia. Em pacientes gravemente doentes, com insuficiência respiratória
aguda, ocorre melhora na oxigenação, radiológica e de complacência pulmonar, com apenas 2ml de secreções removidas.
TOSSE:Pode ser voluntária ou reflexa e o aumento da sua efetividade
poderá levar à redução da necessidade de aspirações traqueais freqüentes. Poderão ser utilizados recursos manuais ou mecânicos:
• Manuais – ativam reflexamente a tosse por estimulação manual da traquéia, vibração sobre certas áreas do tórax, uso de nebulização ultra-sônica, instilação de líquidos
através da via aérea artificial, produção de fluxos turbulentos.
• Mecânicos – aumentam o volume inspirado, a CRF e o fluxo expiratório pela utilização de todas as suas variáveis de pressão positiva (PEEP, RPPI, AMBU, CPAP), aumento do volume corrente, in-exsufflator, compressão torácica brusca (manual ou auxiliada pelo VTN), compressão torácica (ou tosse manualmente assistida) associada a mudanças nos parâmetros do respirador (aumento do volume corrente, aumento e diminuição dos níveis de PEEP,relação I:E invertida).
DRENAGEM POSTURAL:Podem ser adotadas diferentes posições com o paciente em ventilação mecânica, variando desde mudanças de decúbito até a utilização da posição sentado fora do leito.
As diferentes posições visam a drenagem de secreções brônquicas, através da adoção de posturas específicas, de acordo com o comprometimento pulmonar e a melhora
das trocas gasosas e da escolha de posturas que propiciem melhor relação V’/Q’. Podem ainda melhorar a função muscular e favorecer a resistência à excursão diafragmática e a diminuição da sensação de dispnéia.
TERAPIA DE EXPANSÃO PULMONAR:Aumento ou manutenção do volume pulmonar. É realizada através da utilização de exercícios respiratórios ativos
ou associados a equipamentos com pressão positiva,como CPAP, EPAP, RPPI.
Poderá ser obtido através de alterações dos parâmetros do ventilador, como aumento do volume corrente, inversão da relação insp/exp., variação do nível de PEEP.
EXERCÍCIOS RESPIRATÓRIOS:Ensinam o paciente a controlar a respiração, aumentar a coordenação e eficiência dos músculos respiratórios,
mobilizar a caixa torácica e treinar técnicas de relaxamento.
Realizam-se exercícios na sua forma ativa, com a orientação e o auxílio do paciente na execução.
A indicação dos exercícios respiratórios está na dependência de vários fatores, como colaboração do paciente e condição muscular.
A adequada avaliação muscular será uma determinante na carga de trabalho a ser imposta: o paciente precisa de repouso muscular, consegue realizar exercícios ativos ou necessita de exercícios com carga (treinamento).
A associação de exercícios respiratórios com sistemas geradores de pressão positiva (CPAP), que causam aumento da resistência expiratória (EPAP) e variações na posição
do corpo, parece ser benéfica.
TREINAMENTO DE MÚSCULOS RESPIRATÓRIOS:Tem sido proposto para utilização em pacientes de difícil desmame, cuja única causa de manutenção no ventilador mecânico seja fraqueza muscular.
Adotaremos, como sugestão para este consenso, o protocolo proposto por fisioterapeutas, sendo, de nosso conhecimento,a única citação na literatura nacional:
• Carga: 40% da PImáx
• Freqüência: três vezes ao dia
• Duração: iniciar com 5 min., progredindo até 20 min.por sessão
• Resistor: carga limiar
Há sugestões de alterações no ventilador, como:
• Imposição de carga através da alteração na sensibilidade,dificultando a ciclagem
• Associação ou não de ventilação mandatória intermitente,com sobrecarga de trabalho nos momentos de respiração espontânea
• Variações bruscas, programadas, dos níveis de pressão de suporte, utilizando sobrecarga com níveis menores do que o necessário
• Utilização de períodos de sobrecarga com ventilação espontânea em tubo em T ou tubo em T associado a aumento de resistência expiratória.
MOBILIZAÇÃO:A freqüente mudança de posições no paciente acamado
objetiva melhorar a perfusão dos tecidos, a ventilação e remoção de secreções.
Outra grande preocupação é com a manutenção da função muscular e circulatória global dos pacientes em ventilação mecânica, que utiliza recursos como exercícios passivos
e ativos globais, até a deambulação no ventilador mecânico, a fim de mantê-los nas melhores condições possíveis,na tentativa de não somar outras complicações e
prejuízos aos diversos sistemas, favorecendo sua tolerância às atividades.

Referências:

http://www.fes.br/disciplinas/fis/Terapia_Intensiva/Ventila%E7%E3o%20Mec%E2nica%20Invasiva.ppt#265,11,Parâmetros Ventilatórios Programáveis

http://www.portalsaudebrasil.com/artigosuti/resp439.pdf

http://www.fag.edu.br/professores/mtaglietti/Fisioterapia%20Cardiopulmonar%20II/Aula%2009%20-%20Ventila%E7%E3o%20Mec%E2nica%20Invasiva.pdf