domingo, 19 de setembro de 2010
Queda e Imobilismo
Quedas
A instabilidade postural e as quedas são as principais causas da incapacidade do idoso. Quando o idoso cai significa a total perda do equilíbrio postural, decorrentes de fatores próprios da pessoa isolados e/ou a incapacidade de superar a instabilidade provocada por fatores ambientais.
As quedas e suas conseqüências se fazem presentes em todas as épocas da vida, porém são encaradas explicitamente como um problema da idade avançada. Os indivíduos idosos caem mais e correm mais riscos de lesões. O impacto psicológico das quedas é devastador entre os indivíduos mais velhos. Um episódio de queda pode ocasionar o trauma direto, imobilidade pós-queda, danos psicológicos e sociais assim como ser causa de mortalidade. O idoso jovem (60-75anos) cai devido a tropeções e escorregões, enquanto que os idosos acima de 75 anos caem por enfermidades, como músculo-esquelética, cardíacas, neurológicas, sensoriaise pelo uso de medicamentos1. Estima-se uma incidência de 28 a 35% de quedas nas pessoas com mais de 65 anos, 35% naqueles acima de 70 anos e 42% naqueles com mais de 75 anos.
As causas deste problema entre os mais velhos podem ser únicas e claramente identificadas, ou, mais comumente, múltiplas e de difícil individualização. Estão intimamente relacionadas com a postura e a marcha, que, por sua vez, sofrem várias influências do envelhecimento normal e patológicos.
Diversas alterações biológicas importantes são evidentes a partir dos 60 anos de idade decorrentes do processo de envelhecimento normal.
Estas alterações acometem os diversos órgãos e sistemas corporais, como o sistema nervoso central, sistema visual, auditivo, cardiovascular,sensorial e etc. Problemas posturais ou músculo-esqueléticos são comuns no idoso. Ficar em pé e andar torna-se mais difícil, tanto por desgaste nas articulações, pela diminuição da velocidade dos reflexos no músculo esquelético quanto por alterações nas funções perceptivas envolvidas com a visão e a audição. Além das condições intrínsecas do organismo do idoso, inúmeros medicamentos causam efeitos colaterais que podem piorar o equilíbrio.
O envelhecimento crescente da população com maior risco de cair, torna cada vez mais urgente o planejamento e a adequação ergonômica dos ambientes para a pessoa idosa como prevenção de quedas.
Identificar os fatores de risco é passo importante, pois, ajudam a identificar e compreender as causas das quedas, ajudam identificar idosos com maior probabilidade de cair, podem ser modificáveis e apontam para intervenções específicas.
INTRÍNSECAS DO ORGANISMO MEIO AMBIENTE/EXTRÍNSECAS
Ataque isquêmico transitório Pouca iluminação
Hipotensão Postural Tapetes soltos
Arritmias Piso encerado
Oclusão das artérias vertebrais Desnível das calçadas públicas
Episódios de tontura e vertigem Passagens obstruídas por objetos
Epilepsia Escadas não ergonômicas
Doença Parkinson Falta de barras de apoio
Miopatias Polifarmácia
Neuropatias periféricas
Hidrocefalia de pressão normal
Demências
Problemas de Visão
Propriocepção/Sistema Vestibular
Imobilidade
O processo de imobilidade do idoso é melhor compreendida como Síndrome da Imobilização e é definida como: “Complexo de sinais e sintomas resultantes da supressão de todos os movimentos articulares e, por conseguinte, da incapacidade da mudança postural”. Ou usando-se critérios maiores e menores: “Os critérios maiores seriam o déficit cognitivo médio a grave e múltiplas contraturas, os critérios menores são sinais de sofrimento cutâneo ou úlcera de decúbito, disfagia leve a grave, dupla incontinência e afasia”. A Síndrome da Imobilização pode ser considerada quando o idoso apresenta os critérios maiores e pelo menos duas características dos critérios menores.
Sistemas acometidos pela imobilização prolongada
1. Sistema Musculoesqueléticos;
2. Tecido Articular;
3. Tecido Ósseo;
4. Sistema Tegumentar;
5. Alteração Cardiovascular;
6. Sistemas Metabólicos e Endócrinos;
7. Sistema Gastrointestinal;
8. Sistema Geniturinário;
9. Sistema Respiratório;
Orientações Gerais
• Faça exames oftalmológicos e físicos anualmente, em específico para detectar a existência de problemas cardíacos e de pressão arterial;
• Mantenha em sua dieta uma ingestão adequada de Cálcio e vitamina D;
• Tome banhos de sol diariamente;
• Participe de programas de atividade física que visem o desenvolvimento de agilidade, força, equilíbrio, coordenação e ganho de força do quadríceps e mobilidade do tornozelo;
• Elimine de sua casa tudo aquilo que possa provocar escorregões e instale suportes, corrimão e outros acessórios de segurança;
• Use sapatos com sola antiderrapante;
• Amarre o cadarço do seu calçado;
• Substitua os chinelos que estão deformados ou estão muito frouxos;
• Use uma calçadeira ou sente-se para colocar seu sapato;
• Evite sapatos altos e com sola lisa;
• Evite ingestão excessiva de bebidas alcoólicas;
• Mantenha uma lista atualizada de todos os medicamentos que está tomando ou que costuma tomar, e as dê para os médicos com quem faz consulta;
• Informe-se com o seu médico sobre os efeitos colaterais dos remédios que você está tomando e de seu consumo em excesso;
• Certifique-se de que todos os medicamentos estejam claramente rotulados e guardados em um local adequado (que respeite as instruções de armazenamento);
• Tome os medicamentos nos horários corretos e da forma que foi receitada pelo médico, na maioria dos casos acompanhado com um copo d'água;
• Nunca ande só de meias;
• Fadiga muscular e confusão mental aumentam o risco de quedas;
• Mulheres que não conseguem encontrar sapatos esportivos suficientemente largos para o formato do seu pé devem comprar na seção masculina, pois estes sapatos têm fôrmas maiores;
• Estatísticas norte-americanas indicam que 60% das quedas em idosos acontecem dentro de casa: ao subir escadas, escorregões em superfícies muito lisas e tropeços, entre outras situações.
Prevenção
Estimulação da mobilidade.
Evitar a restrição ao leito.
Cuidado com o toque (firmeza sem machucá-lo).
Diminuir a dor, o desconforto.
Realizar trocas posturais constantes.
Posicionar corretamente, com uso de coxins.
Deixar a pele sempre seca e hidratada.
Deixar lençóis sempre bem esticados e sem restos alimentares.
Não fazer fricção durante as transferências.
Hidrate-o sempre.
Quando possível, peça a ajuda de outra pessoa.
Não alimente o idoso deitado e nem com extensão ou rotação de pescoço.
Caso esteja se engasgando, sente-o, e evite alimentos muito líquidos e prefira os mais pastosos.
Evite a posição em flexão das articulações.
Faça mobilizações articulares constantes.
Tratamento Fisioterapêutico
O tratamento de um paciente com risco ou história de queda exige uma conduta multidisciplinar. O sucesso do plano terapêutico é dependente do envolvimento dos familiares ou cuidadores bem como do próprio paciente.
As condutas de intervenção podem ser as seguintes:
Programa de melhora do equilíbrio e marcha (supervisão de profissional)
Exercícios de fortalecimento muscular
Descontinuação gradual de medicações psicotrópicas e suspensão de possíveis medicamentos
Modificações domésticas após alta hospitalar, condições seguras no domicílio
Uso de Andador/Bengala
Tai chi chuan
Corrigir visão
Uso de adaptadores e protetores pélvicos
Reabilitação auditiva
Estimular a movimentação no leito e a indepêndencia nas atividades.
Estimular a deambulação (caminhada).
Prevenir complicações pulmonares.
Auxiliar na resolução de patologias pulmonares já instaladas.
Promover um padrão respiratório mais eficaz.
Evitar complicações circulatórias.
Reduzir a dor.
Manter força muscular e a amplitude de movimentos com exercícios. Ex:
Isométricos, metabólicos, ativo-livre, ativo-resistidos e passivos.
Evitar encurtamentos musculares, atrofias e contraturas.
Melhorar mobilidade e flexibilidade, coordenação e habilidade.
Promover relaxamento.
Prevenir e tratar o edema (inchaço) que pode ocorrer como conseqüência da patologia de cirurgias ou da imobilização no leito.
Promover a reeducação postural.
Promover a conscientização corporal.
Prevenção de úlceras de pressão (desde a fase aguda hospitalar, realizando mudanças de dec.de 2/2hs).
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