segunda-feira, 28 de junho de 2010

Oxigenoterapia

Consiste na administração de oxigênio numa concentração de pressão superior à encontrada na atmosfera. É utilizada para corrigir a deficiência de O2.
Os valores da PaO2 (80 a 100mmHg) são proporcionais à quantidade de O2 dissolvido no plasma. Valores abaixo da faixa de normalidade indicam prejuízo das trocas gasosas pulmonares.
A SatO2 (92 a 100%) é a porcentagem dos locais de hemoglobina ligados com oxigênio. Os valores da PaO2 superiores a 60mmHg estão relacionados a uma SatO2 superior a 90%.
A utilização da oxigenoterapia deve ser feita de modo criterioso, considerando seus efeitos fisiológicos e deletérios, assim como suas indicações e contra indicações.
A determinação de gases arteriais é o melhor método para averiguar a necessidade e a eficácia da oxigenoterapia.
Podem ou não existir outros sinais de hipoxia como a cianose.
Sinais de hipoxia: A hipoxia é definida pela presença de uma PaO2 menor do que 60mmHg ou uma SaO2 menor que 90% em individuos que estejam respirando ar ambiente.
Sinais respiratórios: Taquipneia, respiração laboriosa (retração intercostal, batimento de asa do nariz), cianose progressiva. Em neonatos se define pela presença de uma PaO2 menor que 50mmHg com SaO2 menor que 50% ou PO2 capilar menor que 40mmHg.
Sinais cardíacos: Taquicardia (precoce), bradicardia, hipotensão e parada cardíaca.
Sinais neurológicos: Inquietação, confusão, prostração, convulsão e coma.
Outros: palidez.
Indicações: Tem como objetivo manter a pressão parcial de oxigênio no sangue arterial em valores normais ou próximos ao normal. É importante lembrar que a indicação da oxigenoterapia deve ter metas, logo devem ser definidos: o sistema de administração do O2, o tempo da aplicação da técnica e a porcentagem do fluxo (O2) ofertado.
A indicação da oxigenoterapia deve ser feita, primariamente, quando existir:Hipoxemia-
Pao2 menor que 60mmHg e/ou SatO2 menor que 88-90% em ar ambiente (FiO2 21%).
É indicado p/ adultos, crianças e lactentes c/ mais de 28 dias de vida, p/ corrigir a hipoxemia aguda, reduzir os sintomas associados a hipoxemia crônica e diminuir a carga de trabalho imposta pela hipoxia ao sistema cardioplumonar. São indicada também p/ traumatismos graves, IAM, angina instavel, recuperação pós-anestésica de procedimentos cirúrgicos e insuficiencia respiratória crônica agudizada.
Indicações à longo prazo: Indicação Absoluta
* PaO2 < o =" 89%"> 55 mmHg). A oxigenoterapia deverá ser usada nestes casos.
Também deve ser considerado o uso nasal de CPCP ou de EPAP (Pressão contínua positiva a dois niveis).
Em situações especiais
* PaO2 > 60 mmHg ou Saturação > 90%
Em presença de doença pulmonar associada a outros problemas, como apneia do sono com hipoxia não corrigida com o uso de CPAC (Pressão contínua positiva).
A Sociedade Americana do Tórax faz as seguintes recomendações para o início da oxigenoterapia a longo prazo:
* Medida da pressão parcial de oxigênio depois de 30 minutos de respirar o ar corrente por gasometria, não por oximetria;
* Usar oximetria depois da dosificação inicial de oxigênio com oximetria intermitente através do tempo;
* Quando se suspeita a presença de hipercapnia ou acidose deve-se utilizar sempre a gasometria por punção arterial.
Objetivo: O objetivo do tratamento é aumentar a PaO2 e a SatO2 aumentando dessa maneira a CaO2 (conteúdo de O2 arterial = volume de gás contido em 100ml de sangue arterial) e assegurando uma liberação adequada de O 2. Se a causa da hipoxemia for uma relação inadequada ventilação/perfusão, níveis baixos de O2 suplementar são eficazes na melhora da
oxigenação do sangue arterial. Quando o mecanismo que desencadeou a hipoxemia é intrapulmonar, níveis altos de O2 suplementar podem não ter efeito maior sobre a PaO2.
A anemia também resulta na redução da CaO2, mas a PaO2 e a SatO2 podem permanecer normais. No tratamento usual, o objetivo é aumentar o nível de hemoglobina com transfusões de hemácias.
Efeitos fisiológicos do O2:
- Melhora da troca gasoso pulmonar
- Vasodilatação arterial pulmonar
- Diminuição da resistência arterial pulmonar
- Diminuição da pressão arterial pulmonar
- Melhora do débito cardíaco
- Diminuição do trabalho da musculatura cardíaca
- Vasoconstrição sistêmica
Efeitos tóxicos do O2:O tempo e as concentrações de O2 dependendo da forma administrada, podem levar a disfunções pulmonares devido a alterações no SNC, cardiovascular, pela liberação de radicais livres e até mesmo por efeitos citotóxicos.
Efeitos deletérios:
- Depressão do sistema respiratório e aumento da PCO2
- Atelectasia por absorção
- Diminuição da capacidade vital, pela redução ao estímulo respiratório
- Aumento do efeito shunt
- Alteração da relação V/Q
- Redução do surfactante
- Desidratação das mucosas
Toxidade do O2 em relação ao tempo de exposição (FiO2 100%):
Lesões agudas
- 12 - 24 horas – traqueobronquite, tosse seca, redução da CV, dor subesternal, diminuição da atividade mucociliar.
- 24 - 36 horas – parestesias, náuseas, vômitos, diminuição acentuada da CV, alteração da síntese protéica nas células endoteliais.
- 36 - 48 horas – diminuição da complacência pulmonar, capacidade de difusão e aumento de diferença arterio- alveolar de O2
- 48 - 60 horas - inativação do surfactante, edema alveolar por aumento da permeabilidade - acima de 60 horas: SARA e morte.
Formas de administração de oxigenoterapia:
- Sistema de baixo fluxo: fornecem oxigênio por meio de um fluxo inferior à demanda do paciente. Desta forma, ocorre diluição do O2 fornecido com o gás inspirado. Os sistema de baixo fluxo compreendem:o cateter nasal, máscara facial simples e transtraqueal.
- Sistema da alto fluxo: suplantam a demanda inspiratória do paciente, podendo regular a FiO2 de acordo com as necessidades terapêuticas. É importante que neste sistema, não é possível manter valor fixo da FiO2 que vai variar em função do Volume minuto do paciente. E é composto por: máscara com sistema reservatório, máscara com sistema de veturi, tenda facial (máscara de Hudson ou macronebulização), máscara/colar para traqueostomia e peça T (tubo T).
Equipamentos:
Cânula nasal: é empregado quando o pcte requer uma concentração média ou baixa de O2, sendo um pcte estavel, também é utilizado em terapia domiciliar prolongada. É relativamente simples e permite que o pcte converse, alimente, sem interrupção de O2.
* Vantagens: conforto maior que no uso do cateter; não necessita ser removida; pode comer, falar, facilidade de manter em posição.
* Desvantagens: não pode ser usada por pctes com problemas nos condutos nasais, concentração de O2 inspirada desconhecida; de pouca aceitação por crianças pequenas, não permite nebulização.
Cateter nasal: É um dispositivo composto por um tubo plástico macio com vários pequenos orificios em sua extremidade. Ele é introduzido na cavidade nasal, o posicionamento do cateter estímula a produção de secreção.Visa administrar baixas concentrações a moderadas de O2. É de fácil aplicação, mas nem sempre é bem tolerada principalmente por crianças.
* Vantagens: método econômico e que utiliza dispositivos simples, facilidade de aplicação
* Desvantages: nem sempre é bem tolerado em função do desconforto produzido, a respiração bucal diminui a fração inspirada de O2, irritabilidade tecidual da nasofaringe, facilidade do deslocamento do cateter, não permite nebulização, necessidade de revezamento das narinas a cada 8 horas.
Máscara facial simples: utilizada para promover taxas mais altas de fluxo (10L/min) que pode ser confortavelmente utilizada.
* Vantagem: utilizar taxas altas de O2, confortável.
* Desvantages: interfere na alimentação e na expectoração.
Máscara com reservatório: O corpo da máscara armazena o O2 entre as inspirações do pcte. É indicada para emergências e terapias de curto prazo que requerem concentrações de O2 moderada ou elevada.

Máscara de Venturi : Constitui o método mais seguro e exato para liberar a concentração necessária de oxigênio, sem considerar a profundidade ou freqüência da respiração.
* Vantagens: fornece um nível estável de FiO2, e útil em pctes com hipercapnia crônica.


Oxigenoterapia durante o sono:
Os pacientes que estão hipoxémicos enquanto estão acordados, tornam-se mais hipóxicos quando estão a dormir.
A oxigenoterapia noturna pode ajudar a corrigir a hipoxemia noturna exceto em pactes que têm disrritmias respiratórias durante o sono devido a outras causas. Usualmente recomenda-se agregar um litro por minuto de oxigênio na quantidade
de oxigênio que se recebe durante o dia. Isto ajuda a corregir a hipoventilação e as normalidades no intercâmbio gasoso que ocorrem durante o sono. A forma mais exata para chegar a determinar o grau de oxigenoterapia ótima para um paciente está determinada pelos resultados de registrar a saturação com oximetria durante o sono.
Referencias:
Sarmento GJV, Fisioterapia Respiratória no paciente crítico, rotinas clinicas; segunda ed. revisada e ampliada,2007

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